Saúde
Publicado em 27/03/2024, às 19h52 Cadastrado por Victória Valentina
Um estudo apresentado nesta terça-feira (26) no encontro anual da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular apontou que mulheres podem se tornar dependentes da nicotina mais rapidamente e com menos exposição do que homens. Segundo cientistas, o organismo feminino pode funcionar como um ciclo de retro-alimentação para o vício em cigarros.
O estrogênio, principal hormônio sexual feminino, potencializa os efeitos viciantes da nicotina. “Essa interação entre hormônios pode explicar por que as mulheres têm menos sucesso em parar de fumar e se tornam dependentes com menos cigarros consumidos”, explicou a bioquímica Sally Pauss, da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, principal autora do estudo.
Segundo os pesquisadores, o hormônio ativa proteínas do sistema nervoso chamadas olfatomedinas, que ficam mais adormecidas em homens. Elas estão presentes nas partes do cérebro relacionadas a recompensas e vícios, o núcleo accumbens.
Com isso, a nicotina inativa as olfatomedinas, “simplificando” o caminho dos impulsos elétricos na região, o que potencializa a sensação de recompensa do hábito de fumar. Quanto mais se fuma, mais as proteínas se tornam dependentes da substância.
“Nosso objetivo é entender como o estrogênio impulsiona o consumo de nicotina através das olfatomedinas, o que poderia ajudar a conceber medicamentos capazes de bloquear esse efeito, restaurando as vias alteradas pela substância viciante. Temos esperança que essas drogas tornarão mais fácil para as mulheres abandonar o hábito de fumar”, indica Pauss.
Pesquisa
Para a pesquisa, foram cultivadas células uterinas humanas em ratas sem ovário, levando à produção de estrogênio humano nos animais. A ação permitiu entender como o hormônio alteraria o cérebro dos camundongos e como isso posteriormente levaria a mudanças com o uso da nicotina.
Segundo os resultados, houve um aumento das olfatomedinas no núcleo accumbens dos ratos a partir do uso de estrogênio humano. A área parece ter se envolvido em um ciclo vicioso para impulsionar a dependência da nicotina, ainda que isso seja mais difícil de avaliar em ratos que em humanos.
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