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Dano causado pela Braskem em Maceió “é impagável, irrecuperável”, afirma JHC

Apesar de afirmar que momento exige união de todos os poderes públicos, prefeito de Maceió 'alfinetou' Estado e União  |  Jonathan Lins / Prefeitura de Maceió

Publicado em 05/12/2023, às 07h18 - Atualizado às 07h26   Jonathan Lins / Prefeitura de Maceió   Adelia Felix

O prefeito de Maceió (AL), JHC, afirmou que o crime ambiental causado pela mineradora Braskem é irrecuperável e impagável. Nesta segunda-feira (4), quando completou uma semana o alerta da Defesa Civil que indicava o colapso da Mina 18 - local de atividade de extração de sal-gema pela petroquímica durante as últimas décadas- o Município ainda estava em "alerta máximo".

Segundo o órgão do Município, o motivo é que a velocidade em que a terra cedia na região da Mina 18 da Braskem era medida em milímetros por ano, no entanto, à medida que passou a ser adotada foi centímetros por hora, aumentando significativamente o risco.

A Mina 18 está localizada na região da Lagoa Mundaú, no Mutange, um dos “bairros fantasmas” de Maceió. Na região, o solo já cedeu 1,80 m. A velocidade do afundamento, que atingiu 5 cm/h logo após o alerta, agora é de 0,26 cm/h, segundo a mais recente medição feita na segunda(4).

“Os nossos problemas são reais, nunca estaremos satisfeitos com o que a Braskem fez com a nossa cidade. Esse dano que eles cometeram é impagável, é irrecuperável. Os danos sociais, psicológicos, olha o que está acontecendo, a cidade em pânico”, disse o prefeito à imprensa local.

O gestor avalia que a petroquímica precisa ser responsabilizada por todos os danos causados na capital alagoana. “Estamos dialogando com diversas estratégias para que a gente possa minimizar outros danos. Não é só o dano material na área, mas é o dano social. Porque as pessoas perdem toda a sua dinâmica de vida perto de suas casas, e isso causa o ilhamento social. De acordo com os novos acontecimentos, as estratégias que foram desenhadas, precisam ser reavaliadas”, explicou.

Após o anúncio do risco de colapso, a prefeitura criou um Gabinete de Crise, com reunião de 18 pastas municipais e mais de 350 pessoas, que trabalham diariamente de forma ininterrupta.

“A boa notícia é que já conseguimos evacuar toda a área comprometida, graças a um plano de contingência e planejamento estratégico”, avaliou JHC. O gestor ainda destacou que há necessidade de trabalhar por soluções sustentáveis a longo prazo e cobrar fiscalizações e punições mais severas.

Apesar de afirmar que o momento exige união de todos os poderes públicos, JHC teceu críticas ao Estado e União. “Lá atrás, o Governo Federal concedeu a lavra de exploração e o Governo do Estado, as licenças, além de supervisionar toda situação da empresa. No entanto, a hora é de unirmos esforços, trabalharmos em conjunto, para garantir todo apoio necessário aos maceioenses diante da maior tragédia urbana do mundo em curso”, disse.

No domingo (3), o prefeito fez uma visita de cortesia ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), Fernando Tourinho, para atualizá-lo sobre as novas informações do risco de iminente colapso da mina da Braskem. Na oportunidade, JHC destacou que há uma preocupação social com a região afetada, mas que não há riscos físicos.

“O que há hoje é uma preocupação social e temos que dar esse amparo, mas risco físico não temos. Toda vez que realocamos perdemos mais um bairro, mais uma comunidade”, disse o prefeito.

O gestor também explicou que a tendência é de diminuição e que, dos equipamentos que medem a área da mina 18, na região do Mutange, apenas um está em alerta. A explicação foi dada com base no novo boletim emitido pela Defesa Civil de Maceió.

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