Justiça

Mais de 200 trabalhadores são resgatados em condições análogas à escravidão; confira

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Somente em 2023, a auditoria fiscal do Trabalho do MTE já resgatou 890 trabalhadores nessas condições  |   Bnews - Divulgação Reprodução/TV Anhanguera

Publicado em 18/03/2023, às 14h34   Cadastrado por Bernardo Rego



Um grupo de 212 trabalhadores, prestadores de serviço de uma usina de álcool e produtores de cana de açúcar, dos municípios de Araporã, em Minas Gerais, e Itumbiara, Edeia e Cachoeira Dourada, em Goiás, foi resgatado durante uma operação do Grupo Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, na sexta-feira (17).


De acordo com o Ministério, a maioria das pessoas foi aliciada no Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte e transportada clandestinamente para Goiás. Os fiscais descobriram que eles eram cobrados pelos aluguéis dos barracos usados como alojamentos e por ferramentas utilizadas no trabalho. Ademais, os trabalhadores não recebiam alimentação, não tinham banheiros nas frentes de trabalho nem equipamentos adequados de proteção contra agrotóxicos que eram utilizados.


“A maioria desses abrigos era extremamente precária e não possuía as mínimas condições para serem usadas como moradias. Alguns deles eram muito velhos, com as paredes sujas e mofadas, goteiras nos telhados e não dispunham de ventilação adequada, sendo que em alguns dos quartos sequer possuíam janelas. O banho era tomado com água fria, que saia diretamente do cano, mesmo nos dias mais frios e chuvosos”, detalhou o auditor fiscal do trabalho Roberto Mendes, que coordenou a operação em parceria com o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e a Polícia Federal em Jataí (GO).


Mendes ainda acrescentou que alguns trabalhadores pagavam pelo colchão. Aqueles que não tinham condições dormiam em redes ou mesmo no chão forrado com um pedaço de pano, ou papelão. Também não havia local adequado para guardar e preparar alimentos e, em muitos barracos, sequer havia cadeira para se sentar.


Acordo


Após serem comunicados dos fatos e das terceirizações ilícitas, as empresas firmaram um acordo para o pagamento das verbas rescisórias, que alcançaram R$ 2,57 milhões, mais 50% desse valor como dano moral individual, totalizando R$ 3,855 milhões. Além disso, o Ministério do Trabalho e Empego concedeu o direito a todos os 212 trabalhadores resgatados a receber três parcelas do seguro-desemprego.


Somente em 2023, a auditoria fiscal do Trabalho do MTE já resgatou 890 trabalhadores nessas condições. Do total, 365 foram em Goiás, atualmente, líder no ranking nacional de casos de exploração de trabalhadores. As informações são da Agência Brasil.

Classificação Indicativa: Livre

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