Economia & Mercado

PIB cresce 1% no primeiro trimestre no Brasil

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Dados do PIB foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Publicado em 02/06/2022, às 10h15   Leonardo Vieceli e Douglas Gavras / Folhapress


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O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022, frente aos três meses imediatamente anteriores, apontam dados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O desempenho ficou um pouco abaixo das expectativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 1,2%.

O PIB busca medir a produção de bens e serviços no país a cada trimestre. O avanço do indicador é usualmente chamado de crescimento econômico.

O avanço de 1% é o terceiro resultado positivo em sequência, depois do recuo no segundo trimestre de 2021 (-0,2%).

Com o desempenho, o PIB ficou 1,6% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014.

O resultado desta quinta veio em um contexto de derrubada de restrições a atividades após os estragos causados pela pandemia.

Parte de setores como o de serviços, o principal do PIB, havia sido paralisada nas fases mais críticas da crise sanitária. Com o processo de reabertura da economia, houve espaço para melhora ao longo dos últimos meses.

Foi o setor de serviços que puxou o PIB para cima no primeiro trimestre, segundo o IBGE. A alta do segmento foi de 1% em relação ao final de 2021.

"Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2% no trimestre e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A indústria, por sua vez, teve relativa estabilidade, com pequena variação de 0,1%. Já a agropecuária recuou 0,9%.

"O cenário do primeiro trimestre é de uma economia saindo da pandemia. Os serviços tiveram uma recuperação mais vigorosa", avalia o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

O economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, vai na mesma linha.

"O processo de retomada da economia tem gerado efeitos mais longos do que se esperava inicialmente. Esse é o ponto principal", diz.

Às vésperas da corrida eleitoral, o governo federal apostou em medidas como o Auxílio Brasil, em uma tentativa de estimular o consumo em um período de escalada da inflação, lembram analistas.

A base de comparação fragilizada do PIB é mais um dos fatores apontados para explicar o desempenho do indicador no primeiro trimestre.

Por fim, o avanço da ocupação no mercado de trabalho, mesmo com a renda média em queda, também é citado como um possível estímulo para a economia na largada do ano.

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Analistas, contudo, alertam para uma possível desaceleração do PIB ao longo de 2022, especialmente no segundo semestre.

Até lá, projeta-se efeito maior dos juros altos e da inflação persistente sobre o consumo, motor do crescimento econômico.

Incertezas da corrida eleitoral brasileira e do cenário externo, em meio à Guerra da Ucrânia e à mudança na política monetária dos Estados Unidos, surgem como ameaças adicionais.

"Daqui para frente, a expectativa é um pouco mais negativa. O efeito dos juros altos no Brasil tem uma defasagem para aparecer. Deve atrapalhar no segundo semestre, e as expectativas para inflação pioraram", analisa Mercadante.

O boletim Focus mais recente, de 29 de abril, mostrou uma projeção do mercado financeiro de alta de 0,7% para o PIB no acumulado de 2022, segundo o BC (Banco Central), responsável pela publicação.

Há instituições financeiras que preveem um avanço mais forte, próximo ou acima de 1%. No começo do ano, as estimativas eram menores, ao redor de 0,3% na mediana.

Essas projeções melhoraram com os sinais de uma atividade mais aquecida ao longo do primeiro trimestre.

Porém, analistas ponderam que a reação do PIB, um indicador de produção de bens e serviços, nem sempre é sentida pela população na mesma medida. É o caso atual, conforme Vale, da consultoria MB Associados.

"A população está sofrendo com inflação e desemprego ainda alto. Assim, fica difícil perceber uma vida melhor. O desemprego caiu, mas segue em dois dígitos, assim como a inflação", afirma.

"A recuperação mesmo vai ocorrer quando tivermos crescimento maior do PIB e inflação e desemprego menores."

Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB, calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais. O objetivo é medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.

O indicador mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é usualmente chamado de crescimento econômico.

O levantamento é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos e serviços são consumidos). O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período em questão.

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