Eleições / Eleições 2022

Campanha de Bolsonaro busca virar voto de 'arrependidos'; veja estratégia

Foto: Wilson Dias/Ag. Brasil
Presidente Bolsonaro procura alternativas para diminuir intenções de voto em Lula  |   Bnews - Divulgação Foto: Wilson Dias/Ag. Brasil

Publicado em 26/03/2022, às 20h36 - Atualizado às 20h38   Marianna Holanda, Julia Chaib e Ricardo Della Coletta | Folhapress


FacebookTwitterWhatsApp

Aliados de Jair Bolsonaro (PL) admitem que será preciso ir além do cercadinho do Palácio da Alvorada para ganhar a eleição e defendem reconquistar os votos dos chamados "arrependidos" de 2018, aqueles que votaram no presidente na onda do antipetismo e migraram para a terceira via ou até para Lula (PT).

Se antes a principal expectativa do Planalto era que o cenário econômico estivesse melhor no período eleitoral, hoje isso mudou.

A leitura é que, com os efeitos da guerra na Ucrânia, principalmente a inflação alta, dificilmente a melhora na economia será um cartão de visita do último ano do governo Bolsonaro. Isso apesar de um Bolsa Família reformulado no Auxílio Brasil com tíquete superior de R$ 400.

Portanto, um dos focos será retomar o discurso do antipetismo e a narrativa de que não há corrupção no governo Bolsonaro –prejudicada nesta última semana, diante dos escândalos no Ministério da Educação envolvendo o próprio ministro Milton Ribeiro e pastores sem cargo público que negociavam a liberação de recursos da pasta.

Leia também:

Uma ala de integrantes da campanha de Bolsonaro acredita que ele deveria tomar providências quanto ao ministro. Outros aliados têm minimizado as acusações, dizendo que elas não alcançam diretamente o ministro e muito menos o presidente.

Levantamentos aos quais aliados do chefe do Executivo tiveram acesso dão conta de que, além das mulheres, os jovens integram o grupo de maior rejeição a Bolsonaro.

Em um evento recente no Paraná, do qual participou virtualmente, Bolsonaro foi questionado pelo deputado Filipe Barros (PL-PR) sobre de que forma seus apoiadores poderiam ajudá-lo.

Bolsonaro pediu: "Não esqueça de procurar alguém que pensa diferente de você e, pelo convencimento, mostrar para ele a grandiosidade do Brasil. Os problemas que vivemos atualmente são superáveis, sim, mas, se um dia viermos a perder a liberdade, daí creio que dificilmente ela será reconquistada lá na frente".

Desde que assumiu a Presidência, procurar quem pensa diferente nunca se mostrou uma prioridade de Bolsonaro. Em 2018, ele chegou ao Planalto impulsionado pelo antipetismo e pelo verniz de novidade, ainda que estivesse na política havia quase 30 anos.

Ao longo de seu mandato, Bolsonaro foi pressionado por aliados a moderar o discurso, especialmente no que diz respeito às vacinas contra a Covid-19. Em grande parte dessas ocasiões, ignorou os apelos.

Além de não ter tomado o imunizante, o chefe do Executivo questionou sua eficácia durante toda a pandemia -em especial da vacina infantil. Sua filha mais nova, Laura, de 11 anos, não vai se vacinar, segundo ele.

Nos últimos meses, porém, o mandatário não tem mais se insurgido de forma direta contra o programa de vacinação.

A ideia de modular o discurso defendida pelos aliados é criar uma versão light para o que o presidente sempre falou. Pode, dizem eles, criticar ministros do Supremo Tribunal Federal, contanto que não ameace a instituição ou xingue diretamente esse ou aquele ministro. O entorno do presidente sabe que Bolsonaro não muda muito.

No ano passado, durante a "trégua" com o Judiciário, auxiliares palacianos já defendiam que a versão "paz e amor" do chefe do Executivo serviria para trazer votos da centro-direita para a sua campanha.

É nesse cenário que integrantes de sua campanha creditam a melhora na pesquisa do Datafolha desta semana ao novo tom do chefe do Executivo.

O levantamento mostrou que Bolsonaro encurtou as distâncias para o primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A pesquisa mostra o petista pontuando, no primeiro turno, com 43% das intenções de voto, contra 26% de Bolsonaro. No levantamento anterior do Datafolha, de dezembro, Lula vencia o atual presidente por 59% a 30% no segundo turno. Agora, Lula venceria com 55% contra 34%.

Veja também: Bolsonaro e Lula disputam evangélicos. Confira pesquisa

Hoje os palacianos dizem acreditar que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência, tem poucas chances de decolar na campanha.

Os demais candidatos da chamada terceira via, idem. Assim, a modulação do discurso serviria, mais uma vez, para aproximar Bolsonaro dessa parcela do eleitorado.

Siga o BNews no Google Notícias e receba as principais notícias do dia em primeira mão.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp