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PSOL deve anunciar apoio a Lula, mas ala quer vetar adesão a eventual governo

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Parte defende estabelecer desde já que PSol também não irá compor a base aliada no Congresso  |   Bnews - Divulgação Foto: Ricardo Stuckert

Publicado em 30/04/2022, às 07h44 - Atualizado às 07h45   Matheus Teixeira / Folhapress


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O PSOL deverá oficializar o apoio a Lula (PT) nas eleições presidenciais deste ano durante reunião prevista para este sábado (30). A ala do partido que defende o lançamento de candidatura própria ao Palácio do Planalto acredita que embarque na chapa petista é irreversível.

O apoio, no entanto, continua a enfrentar resistência de algumas lideranças. Os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), por exemplo, trabalham para que o partido aprove uma resolução para estabelecer desde já que a sigla não integrará um eventual governo nem irá compor a base aliada no Congresso.

Do outro lado, o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) Guilherme Boulos e o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, articulam para que seja formalizada uma aliança sem qualquer restrição.

Entre os dois grupos, estão três correntes do partido que costumam atuar como fiel da balança nas disputas internas.

Uma delas se chama Resistência e a outra, Insurgência. A primeira conta com a presença do vereador de Porto Alegre (RS) Matheus Gomes e a segunda não tem nomes de peso da política nacional.

Ainda há a expectativa sobre como cada uma das três irá se posicionar em relação a discutir desde já a posição do partido em um eventual governo.

A mais forte das correntes é representada pela deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), que tem sido cortejada pelos dois lados.

Ela indicou nos bastidores que avalia apoiar a moção contrária à participação em uma gestão petista devido à presença do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice e à possível aliança com siglas de centro durante o mandato.

A ideia seria fazer um discurso para apontar a necessidade de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) sem necessariamente se comprometer com pautas que contrariem o histórico do PSOL.

As primeiras divergências programáticas com o PT surgiram antes mesmo de oficializada a aliança. Isso ocorreu em relação à reforma trabalhista aprovada em 2017.

O PT indicou que poderia recuar da promessa de revogar a nova legislação e que defenderia apenas sua revisão. Após pressão do PSOL, porém, o PT voltou atrás e se empenhou com a anulação completa da reforma.

Nesse ponto, o PSOL tem consenso interno. Nos demais, porém, o cenário é diferente. A votação em setembro do ano passado sobre ter ou não candidatura própria a presidente expôs a divisão dentro da legenda.

Na ocasião, a ideia de não ter candidato, o que abriria espaço para o apoio a Lula, venceu com margem pequena de diferença: o placar ficou em 56% a 44%.

Com base nessa disputa e na realidade interna da sigla, o apoio a Lula já é dado como certo. Prova disso é que já está marcado um evento com o petista para poucas horas após a reunião do partido no sábado. O encontro servirá para selar a união.

Presidente nacional do partido, Medeiros afirma que a reunião de sábado será a conclusão de mais de seis meses de debate interno e diz que a prioridade é, mesmo com diferenças, a legenda seguir unida.

"Como partido democrático, cada dirigente, parlamentar e militante pode defender suas posições. Agora é hora de tomar uma definição e marchar unidos, independente de diferenças pontuais. O PSOL dará sua contribuição para livrar o Brasil de Bolsonaro", afirma.

Medeiros mantém relação próxima com o PT e trabalha para ser indicado como candidato a senador na chapa que lançará o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo.

Contrária ao apoio, a deputada Sâmia Bomfim afirma que é importante a sigla manter autonomia independentemente da posição que adotar no pleito deste ano.

"Não compor um governo de conciliação de classes significa que o PSOL vai manter a independência política. Nosso compromisso é com a derrota do Bolsonaro e com um programa de esquerda e não por cargos", diz.

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Caso se concretize a derrota do grupo da parlamentar, esta será a primeira eleição que o partido não terá candidato próprio ao Palácio do Planalto. A sigla surgiu em 2005, após um grupo que era do PT divergir das propostas do então governo Lula e votar contra projetos do Executivo no Congresso.

No ano seguinte, em 2006, o partido lançou Heloísa Helena, que era senadora e atualmente está na Rede, como candidata à Presidência. Na ocasião, ela ficou como terceira colocada com 6,85% dos votos válidos.

Na visão de parte da legenda, seria importante ter um candidato próprio para levantar as bandeiras que fizeram o partido crescer nos últimos anos. Por outro lado, há a compreensão de que é necessário unir forças para derrotar Bolsonaro.

O principal porta-voz dos defensores do apoio ao PT é Guilherme Boulos, que já fez um movimento nesse sentido quando retirou a candidatura a governador para viabilizar a união da esquerda em torno de Fernando Haddad.

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