De acordo com o texto, o humorista se aproximava das vítimas no ambiente de trabalho se utilizando da imagem de "chefe protetor". Com isso, aos poucos, ele estabelecia uma relação de confiança e intimidade com as mulheres. Para falar com elas, a postura era sempre amistosa, fazendo com que as vítimas se confundissem sobre a situação de abuso que vivenciavam.
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"A posição de autoridade hierárquica e protetor era a todo tempo lembrada em cobrança de gratidão e retribuição. O discurso e postura amistosas eram utilizadas como estratégia para não só se aproximar, mas também confundir a vítima", revela o texto.
Estabelecendo intimidade com as vítimas, Marcius aumentava a quantidade de elogios, até que chegasse a falas sobre a aparência física da mulher com conotação sexual.
"Gostosa", "Você tá uma delícia com essa roupa" e "vou conferir esse figurino de maiô" foram algumas das frases usadas pelo ator, segundo denúncia.
"Até chegar a expressões lascivas ditas travestidas de brincadeiras como 'você me deve um boquete por te trazer para Globo'; 'um dia vou te pegar'; 'vou te cobrar com favores sexuais'", aponta o Ministério Público.
As investidas de Marcius, conforme denúncia, aconteciam em tons de brincadeira e acabavam sendo disfarçadas pela informalidade da profissão de humorista. Com isso, as vítimas não tinham o discernimento quanto ao que seria brincadeira ou violência.
Depois dos elogios, Melhem partia para a aproximação física, com abraços e carinhos em excesso, que passavam para apalpações, beijos forçados, propostas de sexo, tapas nas nádegas, apertões nos seios e até mesmo, em algumas situações, exposição do seu órgão sexual.
Ainda segundo o MPRJ, as abordagens sexuais eram feitas entre conversas sobre roteiro e escalação de elenco. A promotora entende que "a mensagem era velada, porém clara" de que o destino profissional das vítimas estava nas mãos do diretor e que as funcionárias deviam retribuir os "favores do chefe".
Na denúncia, o MPRJ destaca que Marcius acumulava a posição de roteirista chefe, diretor do núcleo de humor, supervisor artístico e outras funções de comando. Além disso, o ator tinha um relacionamento direto com a cúpula da empresa.
"Esse acúmulo de posições de poder lhe conferia a indicação ou recusa do artista que deveria fazer determinado papel, bem como a definição da importância e destaque que a personagem teria, assim como também a quantidade e qualidade das falas a serem atribuídas. Restando assim, bastante clara a forma como as atrizes estariam submetidas a seu jugo", diz o texto.