Ex-preparador de elenco do SBT é exposto novamente após abusos em crianças serem revelados

Ele morreu este ano após um mal súbito, mas sua vivência durante a produção de elenco no SBT rende história e denúncias até hoje. Beto Silveira (1950-2022), foi condenado em 2011 por abuso infantil e estupro de menor, sendo preso em 2016 e condenado a 16 anos e nove meses de prisão.

No entanto, passou apenas um ano e três meses na cadeia, sendo liberado após comprovar que tinha Alzheimer e aneurisma. Beto foi exposto, novamente, por duas vítimas, que sofreram abusos com preparador de elenco. As pessoas tinham, na época, 12 anos cada e sofreram abalos emocionais após contatos íntimos com Silveira.

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Em conversa com o site Notícias da TV, as vítimas afirmaram que ele levava crianças para o quarto e fazia os abusos. "Lembro que, ao entrar no quarto, ele me beijou e eu disse  'de língua não pode'. Como se aquela invasão fosse aceitável caso não houvesse língua", recordou.

"Ele ligou a TV e sugeriu que nos sentássemos na cama para assistir. Depois, se ofereceu para fazer uma massagem. Deitei na cama e lembro que ele tirou minha camiseta, depois a calça e, por fim, a cueca. Senti o peso do corpo dele em cima do meu. Não houve penetração. Eu não entendia exatamente o que estava acontecendo, mas sabia que aquilo era errado. Por isso, quando voltei para casa, não contei nada para os meus pais. Eu e meu amigo também não falamos nunca mais sobre tudo aquilo".

"Lembro que, entre um exercício e outro, ele sussurrava no meu ouvido coisas como 'sei que você fica me espiando pela perna da bermuda, qualquer dia vou vir sem cueca para você ver o que quer'. Não era verdade, mas eu fiquei calado. Ele era o professor e eu o aluno, não podia desafiar aquela relação de poder", disse.

O outro relato foi de um ator que queria entrar para o elenco de Chiquititas, em 1997, mas não passou após ter ficado com medo de ter relações ou aceitar ser abusado novamente pelo preparador.

Ele relembrou que Beto chamou as vítimas para fazer uma brincadeira em um quarto e, dentro do cômodo, pediu para fazer massagens, dar beijos e acariciar os corpos. Depois de ter uma ereção, o telefone tocou, como se fosse um código de alguém da produção, para que ninguém desconfiasse que estava ocorrendo um abuso no local.

"Lembro que ele quis conversar comigo quando cheguei e até perguntou como eu estava e se meu amigo e eu tínhamos brincado juntos de novo. Falei que não, desconversei, e voltei pra onde meu pai e meu tio estavam. Não passei no teste e este foi o último contato com o estúdio e com Beto Silveira. Meu amigo e eu comentávamos às vezes sobre o que aconteceu com a gente, porém não cheguei a falar com ninguém sobre isso durante muito tempo".

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