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Novembro Negro: Título do Bahia em 1988 foi um importante marco para a representatividade, afirma João Marcelo

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Casos de racismo no futebol brasileiro até agosto de 2022 chegou a 64  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Arena

Publicado em 18/11/2022, às 05h50   Teo Mazzoni



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João Marcelo

O racismo é uma questão estrutural no Brasil, o país mais negro fora do continente Africano, e evidentemente o futebol não deixaria de ser afetado. O esporte mais popular do mundo é tratado quase como religião em território nacional e há quem diga que os brasileiros nascem com o DNA para praticá-lo. Milhares de crianças de todas as raças e etnias enxergam no futebol uma maneira de mudar de vida e assim poder ajudar os familiares, mas o racismo também está dentro do esporte. 


De acordo com Marcelo Carvalho, diretor do Observatório de Discriminação Racial, a conta de casos de racismo no futebol brasileiro até agosto de 2022 chegou a 64, mesmo número de atos raciais registrados em todo o ano passado.


Ao BNews, o ex-jogador João Marcelo, campeão brasileiro pelo Bahia e vice campeão nacional pelo Vitória, comentou um pouco sobre as dificuldades que precisou enfrentar sendo um jogador de futebol negro. “No profissional, dentro do campo, sempre fui chamado de macaco, mas não me incomodava”, afirmou. 


O campeão brasileiro também falou que sempre foi alvo de muitas ‘brincadeirinhas’ no meio do futebol. “Quando sofria alguma falta, sempre me falavam que um negrão como eu não poderia perder uma bola daquela ou quando estava cansado, diziam que todo negrão é preguiçoso”, frisou. 


O ex-jogador disse que, enquanto atuava em território baiano, não sofria como em outras regiões do Brasil, a exemplo do sul. Ele afirmou que quando jogava pelo Grêmio, o preconceito racial era muito grande, principalmente durante o GreNal (Grêmio x Internacional), principal clássico do estado.


“Durante a realização dessas partidas, as ofensas eram muito fortes. Eu era chamado de macaco por ambos os lados”, ressaltou.  


João Marcelo afirmou que o Bahia de 1988 foi um importante marco para a representatividade, mesmo que de forma inconsciente. “O time era composto por muitos atletas negros e ganhou o principal campeonato nacional do País, contra o Internacional de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, um dos estados mais racistas do Brasil”, comentou. 


O futebol realmente é um esporte para todos? Os casos de racismo no meio estão cada vez mais evidentes e escandalosos,e a falta de punições severas faz com que os “torcedores”  não tenham medo de expressar o que pensam. Em agosto deste ano, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, anunciou uma proposta para aplicar punições esportivas, como perda de pontos, contra times cujos torcedores demonstrarem comportamentos racistas. Se a ideia for adiante, talvez exista um futuro em que o futebol seja um pouco menos racista. 

Classificação Indicativa: Livre

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