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Cobra de estimação: Entenda as particularidades que a criação desse animal exótico exige

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Uma de cobra de estimação pode ser um bichinho muito tranquilo, segundo especialista  |   Bnews - Divulgação Instagram / @mariodanilojacobinaporto
Adelia Felix

por Adelia Felix

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Publicado em 29/04/2021, às 09h00 - Atualizado em 16/12/2022, às 05h00


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Se você jogar a bolinha, ela não vai correr atrás. Se você fizer psi psi, é provável que ela nem te olhe. As cobras são animais que não têm afeto como cães e gatos, são mais contempladas pelo seu dono do que o inverso. Apesar disso, podem se adaptar muito bem com adultos e até com crianças. É o que garante o veterinário e tutor de algumas cobras, Mário Danilo Porto, especialista em ultrassonografia de cães, gatos e pets não convencionais.

“Isso vai ser possível através do manejo diário e desde novinha. Condicionando o bicho ao convívio com o seu dono e outras pessoas, elas ficam bem mansinhas. Hoje tem muito profissional de biologia e veterinária que usam esses bichos para educação ambiental com o público. São bichos supertranquilos, eu tenho 15 em casa e minha esposa diz que às vezes até esquece que tem cobras aqui”, afirma o veterinário.

No Brasil, de acordo com o especialista, são permitidas a criação de serpentes silvestres, pertencentes a nossa fauna como jiboias, salamantas, suaçuboia e piriquitamboias. Além de algumas espécies exóticas estrangeiras, python ball, blood python, king snaks, hognouse, entre outras. Todas devem ser microchipadas.

“Cada estado tem sua legislação para autorização das espécies a serem comercializadas, sendo totalmente proibido serpentes peçonhentas. Para adquirir uma serpente no Brasil é necessário comprar de criadouros legalizados, autorizados pelos órgãos competentes legisladores”, explica.

Como qualquer animal, as cobras necessitam de adaptação específica. Segudo o veterinário, elas podem ser criadas até em apartamentos, e, dependendo da espécie podem exigir um terrário pequeno. Ele alerta que é preciso observar o bem-estar da serpente no que se refere, principalmente, à mobilidade.

De acordo com Porto, esses répteis precisam de um recinto que comporte o seu tamanho e porte, com um mínimo de um terço do tamanho da serpente, mas quanto maior o terrário, melhor para o animal. Além disso, o espaço deve ter umidade e temperatura adequadas, dependendo da região e espécie da serpente.

O veterinário também reforça que as cobras são répteis de sangue frio, precisam de uma fonte de aquecimento para fazer a termorregulação, como uma lâmpada de cerâmica, pedra ou placa aquecida. 

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“A maioria dos problemas com serpentes é por erro de manejo, por isso, é importante saber um pouco das necessidades delas para uma boa saúde. As jiboias ficam grandes e podem chegar de três a quatro metros. Então, o ideal é ter um terrário de no mínimo dois metros, mas têm espécies que chegam a um metro e meio, necessitando de terrário menores. O principal cuidado é para que ela não fuja, não vá parar na casa do vizinho, o que pode originar uma situação desagradável”, diz.

Por isso, o veterinário ressalta que não dá para deixar uma serpente solta na casa porque, certamente, ela vai fugir. “São animais bem silenciosos e gostam de ficar entocados, vão sempre procurar uma rota de fuga. O ideal é deixar sua serpente em um terrário e quando for manusear, só pegar e curtir o bicho com supervisionamento”, recomenda.

A alimentação desses carnívoros, segundo o especialista, é bem prática. “Você pode alimentar uma serpente com um roedor pesando de 10 a 20% do peso da serpente. Dependendo da idade da cobra, em intervalos de oito até 30 dias, ao exemplo das adultas. Então, uma serpente adulta pode comer 20% do seu peso vivo uma vez ao mês”, detalha.

O veterinário também acrescenta que, atualmente, o mercado oferece alimentação de qualidade, geralmente, roedores abatidos e congelados, sendo mais prático e desnecessário criar ou ter um biotério (local onde animais são conservados vivos para que sejam posteriormente utilizados).

Tráfico de animal
Segundo autoridade policiais, o tráfico de animais é uma indústria criminosa que move mais de US$ 20 bilhões a cada ano e ocupa o quarto lugar no ranking de crimes internacionais. No ano passado, um suposto caso de tráfico de animais teve grande repercussão na mídia brasileira após a cobra da espécie naja picar o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck Lehmkuhl, 22 anos, no Distrito Federal.

A cobra é considerada uma das mais venenosas do mundo e não havia soro antiofídico da espécie no Distrito Federal. Os médicos e a família do estudante precisaram pedir o antídoto para o Instituto Butantan, único local que tinha o soro no Brasil e para pesquisa. 

O caso foi considerado emblemático para a conscientização sobre a criação ilegal de animais silvestres. Neste cenário, o veterinário Mário Danilo alerta que ter uma cobra adquirida de forma ilegal é muito perigoso. “Principalmente, por causa da falta de preparo dos nossos órgãos. Teoricamente, se não temos esse bicho aqui não produzimos o soro. A sorte dele foi que o Butantan tinha soro para os funcionários que manipulavam um animal semelhante caso tivessem um acidente no instituto”, diz.

O estudante ficou seis dias internado em um hospital particular, sendo cinco em uma Unidade de Terapia Intensiva. De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, ele criava a cobra em casa ilegalmente e tinha, pelo menos, 18 serpentes. Ele foi preso em 29 de julho de 2020, por suspeita de tentar atrapalhar as investigações. Dois dias depois, no entanto, foi solto após conseguir um habeas corpus.

Além da naja, outras seis cobras exóticas apreendidas na capital também foram encaminhadas ao instituto. Entre elas, estavam a víbora-verde-de-voguel e cinco serpentes da espécie corn snake ou cobra do milho.

Serviço
Mário Danilo Porto, médico-veterinário especialista em ultrassonografia de cães, gatos e pets não convencionais.
Instagram: @mariodanilojacobinaporto

Classificação Indicativa: Livre

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