Polícia

Mestre de obras de Lauro é sequestrado, família paga, mas criminosos não cumprem acordo

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O mestre de obras foi sequestrado em frente à casa onde morava no Caji  |   Bnews - Divulgação Reprodução/TV Record Itapoan
Nilson Marinho

por Nilson Marinho

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Publicado em 01/03/2023, às 11h33



No dia 28 de outubro de 2022, um carro parou em frente à casa do mestre de obras Cleber Maia Fraga, de 38 anos, na localidade do Caji, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Três homens encapuzados, armados e com coletes que possuíam emblemas da polícia, desceram e exigiram que o homem entrasse no veículo.

Horas depois, a mulher do mestre de obras recebeu notificações no WhatsApp. As mensagens que chegaram eram dos criminosos, que anunciaram que o marido dela foi sequestrado e que sua liberdade valia R$10 mil. Durante as negociações, foram enviadas fotos de Cleber com os olhos vendados e as mãos e pés amarrados.

Os criminosos também mandaram um vídeo em que a vítima diz que os sequestradores iriam lhe libertar após o envio do dinheiro. A família de Cleber obedeceu e, por meio de uma transação via PIX, realizou o pagamento. O homem, no entanto, não foi entregue aos familiares e seu paradeiro é desconhecido até hoje.

Desespero

O mestre de obras é casado há 10 anos e tem uma filha, fruto de um outro relacionamento. A mulher dele disse, em entrevista à TV Record Itapoan, que o celular do esposo, por onde as mensagens foram trocadas durante as negociações, está fora de área desde o dia 31 de outubro.

“A filha dele também está muito abalada. Domingo foi o aniversário dela. Ela está sentindo muita falta, chorando muito, querendo o pai. A todo momento ela fica entrando no WhatsApp do pai e manda mensagens como ‘o que vocês fizeram com ele?’”, disse a mulher sem revelar a identidade.

A Polícia Civil diz que investiga o caso, mas que não pode passar informações para não atrapalhar as investigações.

Quadrilhas

Um mês antes do sequestro do mestre de obras, três funcionários do sistema prisional foram presos em Salvador, suspeitos de serem membros de quadrilhas de sequestro e extorsão. A polícia diz que os homens utilizavam-se dos seus cargos para ter acesso privilegiado a dados de parte de suas vítimas. Ao menos oito empresários da capital baiana foram sequestrados por eles.

Os três suspeitos, que não tiveram suas identidades reveladas, tinham acesso ao sistema da Polícia, onde são armazenados dados de pessoas com antecedentes criminais – parte das vítimas tinha passagem. Com as informações em mãos, os suspeitos abordavam os empresários na rua e afirmavam ser policiais. Em seguida, os sequestros eram anunciados. Eles atuavam em dois grupos diferentes.

Um mês depois das prisões dos três funcionários do sistema prisional, a polícia prendeu membros de uma quadrilha criminosa responsável pelos sequestros de dois trabalhadores da construção civil, um mestre de obras e um colocador de revestimentos, também em Lauro. As vítimas foram levadas para um cativeiro na cidade de Dias D'Ávila onde foram torturadas com pauladas e coronhadas. Assim como Cleber, elas estão desaparecidas.

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