Política

Ao STF, PGR diz que Bolsonaro iniciou convocações para atos antidemocráticos de 7 de setembro

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É a primeira vez que a PGR cita nominalmente Bolsonaro dentro do inquérito conduzido pela corte que apura o financiamento e a organização destas manifestações  |   Bnews - Divulgação Reprodução/YouTube

Publicado em 01/10/2021, às 08h36   Redação BNews


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A Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou que a organização das manifestações de 7 de setembro tiveram início após convocação feita pelo  presidente Jair Bolsonaro (sem partido) semanas antes.

De acordo com informações do jornal O Globo, em um documento sigiloso enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 4 de setembro, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo escreve que a convocação para atos -marcados por ataques às instituições democráticas - teve início no dia 15 de agosto.

Na ocasião, Bolsonaro teria divulgado uma mensagem para seus contatos no WhatsApp defendendo a organização de um “contragolpe” às manifestações contrárias à sua gestão. É a primeira vez que a PGR cita nominalmente Bolsonaro dentro do inquérito que apura o financiamento e a organização destas manifestações.

O procedimento tramita em sigilo no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A manifestação da PGR, entretanto, não deixa claro se o presidente é investigado neste caso, bem como também não descreve quais seriam os eventuais crimes cometidos por ele em função de seu vínculo com as manifestações. 

“A princípio, a organização da realização de prováveis atos de ataque à democracia e às instituições iniciou-se com entrevista do presidente da República informando que haveria ‘contragolpe’ aos atos entendidos como contrários à sua gestão, em 15 de agosto do presente ano”, escreveu Lindôra.

Por isso, a PGR estabeleceu o dia 15 de agosto como “marco temporal em que iniciadas as convocações para os atos antidemocráticos previstos para o dia 7.9.2021”. Com base nessa data, a investigação busca rastrear o fluxo financeiro dos alvos para descobrir os financiadores.

Em depoimentos colhidos pela Polícia Federal, investigadores fizeram questionamentos sobre a relação dos alvos com ministros do governo e com parlamentares bolsonaristas. Um dos principais investigados é o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, atualmente foragido no México. 

Ele incentivou paralisações de caminhoneiros para o dia 7 de setembro com o objetivo de pressionar o Senado pela destituição dos ministros do STF.

No depoimento de Zé Trovão, prestado em 20 de agosto, antes da ordem de prisão, os investigadores o questionaram sobre encontros que os organizadores dos atos antidemocráticos tiveram com os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Gilson Machado (Turismo) em Brasília em agosto. 

Também perguntaram sobre as reuniões do grupo com os deputados federais Nelson Barbudo (PSL) e Hélio Lopes (PSL), aliados de Bolsonaro. O caminhoneiro disse queo os encontros foram casuais.

O inquérito ainda mira o primo dos filhos do presidente, Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio. Também segundo a publicação, a PGR identificou que ele também fez convocações para os atos de 7 de setembro, inclusive divulgando dados para a arrecadação de recursos. A PF ainda vai tomar o depoimento dele.

Procurado pelo jornal, Léo Índio afirmou que não conhece “nenhuma das pessoas citadas na investigação”, e disse que divulgou as manifestações pelo” apoio” que presta ao presidente, que não recebeu os valores doados para os atos. O Palácio do Planalto  não respondeu à reportagem.

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