Política

PSB, provável destino de Alckmin, fica fora de federação com PT, PC do B e PV; entenda

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Federação prevê que siglas ficam unidas ao longo de quatro anos em todos os âmbitos eleitorais  |   Bnews - Divulgação Foto: Divulgação/Equipe Lula

Publicado em 10/03/2022, às 08h36 - Atualizado às 08h38   Julia Chaib e Victoria Azevedo | Folhapress


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Depois de cerca de quatro meses de negociações, PT, PC do B e PV decidiram formar uma federação partidária. O PSB, que negociava até então com as siglas, optou por ficar de fora da união de partidos, pelo menos por enquanto.

A federação prevê que as siglas ficarão unidas ao longo de quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal.

As decisões tomadas na última quarta (9) serão levadas aos diretórios estaduais de cada partido, que precisam chancelar a posição das cúpulas de cada sigla.

Apesar de o PSB não integrar a composição, dirigentes partidários afirmam que haverá coligação entre as legendas em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta semana, o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) praticamente selou a migração para o PSB para ser o vice na chapa de Lula.

"As quatro agremiações, PT, PSB, PC do B e PV, têm unidade na construção de uma frente para enfrentar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, unidos na candidatura Lula presidente", informaram os quatro partidos em nota.

A razão para o PSB não se unir aos demais partidos foram divergências sobre a composição do órgão que comandará a federação e entraves em palanques estaduais.

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Na Bahia, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) já havia praticamente descartado a entrada de seu partido na Federação. Segundo Lídice, o PSB até tentou, mas a situação não avançou. 
"Lamento muito que a gente não possa evoluir nessa direção, né? Ou pelo menos ainda não há decisão do partido, mas nós temos sentido que fizemos um retrocesso neste período. O PSB inclusive deu muita contribuição para organizar de forma mais democrática o regimento da federação. Eu não diria que todas as esperanças estão acabas", afirmou.
Lídice também admitiu que o fato de o senador Otto Alencar ainda de se colococar como pré-candidato à reeleição no Senado é o fato de o grupo ainda não estar unido. "Eu conversei com o senador Ângelo Coronel [PSD] ontem, claro que o Otto ainda não se colocou, não se convenceu que é candidato pelo fato do grupo ainda não estar unido e citou nominalmente PT, PSB e PCdoB que ainda não declararam apoio ao nome dele. Não é uma questão de declarar apoio a Otto. Eu acho que a chapa ainda não está formada porque não há um debate ainda no conjunto dos partidos ou mesmo uma conversa paralela com cada um dos possíveis candidatos", analisou durante convenção do PSB no último sábado.

O principal problema para que o PSB se aliasse aos demais foi o governo de São Paulo. O PT quer lançar Fernando Haddad (PT) e os pessebistas não abrem mão de colocar Márcio França (PSB) na disputa.

Além desse, há outros imbróglios que travam o acordo entre as siglas, que também conversam com PV e PC do B para formar a união de partidos.

Entre eles, estão a disputa aos governos do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo, preocupações sobre o cenário nas eleições municipais em 2024.

Sobre a composição do órgão que coordenará a federação, o PSB reclamava que perderia autonomia já que o PT teria hegemonia no comando das siglas.

Criado para salvar partidos pequenos, a federação pode facilitar a eleição de quadros a cargos proporcionais, como é o caso dos deputados federais.

Apesar de hoje anunciarem estarem fora da federação, dirigentes das outras siglas dizem que continuarão trabalhando para atrair os pessebistas e garantem que a coligação nacional.

"Vamos continuar trabalhando por um programa em comum", disse o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

Apesar dos entraves, Siqueira não quis detalhar as razões que o levaram a não avançar na federação. "São partidos com culturas diferentes que não estão preparados para andar juntos nesse momento", resumiu.

A decisão pode levar o PSB a perder deputados. Integrantes da legenda estimam que cerca de dez parlamentares deixarão a legenda.

Segundo deputados pessebistas ouvidos pela Folha, a bancada da legenda, que antes era a que mais pressionava pela viabilização da federação com o PT, "jogou a toalha". De acordo com relatos, o momento é de fazer contas e de correr atrás para tentar formalizar chapas competitivas nos estados.

Alguns parlamentares, inclusive, estavam se mobilizando desde o final da semana passada para elaborar uma carta cobrando celeridade nas definições das tratativas com o PT. No entanto, ela acabou não saindo do papel.

Uma liderança socialista diz ainda que teria que ocorrer um tsunami ou um terremoto para que a federação fosse concretizada.

Na próxima semana, um grupo de ao menos seis parlamentares do PSB deve se reunir para discutir a situação atual sem a federação e quais os próximos passos que podem ser tomados.

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