Salvador

Trabalhadores protestam em frente a prédio em que babá se jogou para fugir de maus-tratos da patroa no Imbuí

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De acordo com a presidente do Sindoméstico-BA, Creuza Oliveira, o intuito do ato é cobrar justiça e chamar a atenção da sociedade para casos, como o da babá  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 01/09/2021, às 10h03   Diego Vieira e Brenda Viana


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O Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Estado da Bahia (Sindoméstico-BA) realizou um protesto, na manhã desta quarta-feira (1º), em frente ao condomínio, no bairro do Imbuí, em Salvador, em que a babá Raiana Ribeiro da Silva, de 25 anos, caiu do terceiro andar para fugir de maus tratos da patroa, Melina Esteves França. O caso ocorreu no dia 25 de agosto. 

De acordo com a presidente do Sindoméstico-BA, Creuza Oliveira, o intuito do ato é cobrar justiça e chamar a atenção da sociedade para casos, como o da babá, que acontecem com frequência na Bahia. "Tem gente que diz: 'vocês estão exagerando, isso não existe, isso foi antigamente, a Lei Áurea foi assinada'. E estamos aqui para provar que isso ainda existe sim. Isso sao os casos que chegam aos nossos ouvidos e os que não chegam?", enfatiza.

Segundo Oliveira, o Ministério Público da Bahia e a Superintendência Regional do Trabalho têm feito nos últimos meses resgates de empregadas domésticas em situação análogas à escravidão em diversos lares do estado. "Tem uma trabalhadora doméstica de 62 anos no abrigo Dom Pedro que foi retirada do trabalho há dois meses e não tinha nem contato com a família. Trabalhava sem salários e em péssimas condições", diz. 

Para o secretário nacional da União de Negros Pela Igualdade (Unegro, Alexandro Reis, o caso da babá Raiana Ribeiro reflete ainda os resquícios do racismo e escravidão no Brasil. "O trabalho doméstico no Brasil ainda tem características do tempo colonial, do tempo em que o Brasil não tinha leis trabalhistas. Nós precisamos romper com isso e eliminar essa condição aqui no Brasil".

Após a repercussão do caso da babá, outras ex-funcionárias também denunciaram Melina Esteves. Ao todo, 11 mulheres confirmaram que sofreram agressões dentro do apartamento. A ex-patroa passou seis horas prestando depoimento na delegacia.

As trabalhadoras, em sua maioria, relatam a mesma história de agressões físicas e verbais por parte da patroa.

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Danilson Silva, de 39 anos, morador do condomínio há 1 ano, contou ao BNews que nunca viu atitudes suspeitas em Melina, mas que ficou indignado ao saber das ações feitas pela suspeita. 

“Eu acho que nós, como seres humanos, não podemos entender como uma situação dessa é normal, porque isso não é normal. Não pode compactuar com essa ideia, de você oprimir um trabalhador, de você privar ele dos direitos dele, não só direitos do salário digno como, também, o direito de ir e vir. Então, isso é algo digno de repúdio e não existe a menor necessidade do trabalhador chegar ao ponto de se jogar do terceiro andar”, comentou. 

O técnico industrial, que tem um filho pequeno, ainda reforçou que se Melina morasse em um andar mais acima, Raiana estaria, neste momento, morta. “Eu protestei várias vezes e repetia que se fosse do 13º andar, ela não estaria viva. A gente precisa se conscientizar,  cobrar e exigir das autoridades para que isso não se repita e que ações como essa sejam exibidas, porque tem pessoas que ainda praticam esse tipo de ação no século 21”.

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