Salvador

Baiana que trabalhou na festa da diretora da Vogue Brasil nega referência à escravidão

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Angelimar contou que o tema do aniversário foi Diversidade Mística e o Axé  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram

Publicado em 10/02/2019, às 19h19   Redação BNews



Após a polêmica envolvendo a diretora da Vogue Brasil, Donata Meirelles, que foi acusada de racismo durante sua festa de aniversário de 50 anos, realizada na sexta-feira (8), em Salvador, Angelimar Trindade Santos Sousa, uma das baianas que participaram do receptivo da festa, procurou o BNews para desmentir o que foi propagado nas redes sociais: "Tudo que está sendo falado sobre o tema de festa, sobre o que aconteceu, não é verdade".

De acordo com a mulher, que trabalha como baiana de receptivo há sete anos, o tema do aniversário foi Diversidade Mística e o Axé. "A roupa usada foi decisão nossa, baianas, que traçamos esse figurino, para ficar uma coisa diferenciada por se tratar de uma festa de alto nível. Abolimos a bata, abolimos o camisu, usamos amarração do pano da costa como se fosse uma roupa do Ilê Aiyê".

Ela contou que a diversidade foi representada por baianas brancas, negras, católicas, cristãs, do candomblé, gordas, magras, altas e baixas. Além disso, Angelimar contou que a decoração da festa foi feita com plantas, orquídeas e flores brancas, e dos móveis e estátuas que fazem parte do cenário do Palácio da Aclamação.

"Não foi nada de decoração do tempo da colônia ou referente aos escravos. Isso não aconteceu. As quatro cadeiras foram colocadas com a seguinte finalidade: como é um trabalho que você fica andando, nós chegamos para trabalhar lá no espaço por volta das 19h, ficamos até quase 23h, andando pra lá e pra cá, então as quatro cadeiras foram colocadas para que nós ficássemos sentadas quatro, enquanto seis ficavam circulando no salão e nós íamos revezando, para poder poupar todo mundo", explicou Angelimar que afirmou que das dez baianas convidadas, quatro estavam com problemas de saúde: uma se recuperando do pé quebrada, outra com problema no joelho, uma pessoa com quase 70 anos e ela que estava com um problema no nervo ciático.

Ainda de acordo com o relato da mulher ao BNews, quando ela estava sentada, um dos convidados encostou para tirar fotos e chamou algumas baianas para serem clicadas juntas com ele. "Quando veio me abordar para perguntar se eu poderia tirar foto com ele, eu levantei da cadeira e cedi para ele sentar para que a fotografia ficasse diferente. A fotografia que Donata está sentada no meio e as baianas ao redor, foi na hora que ela entrou no salão, tinha pouquíssimas pessoas, ela foi uma das primeiras a chegar, nós prestamos uma homenagem a ela pelo aniversário e na hora da foto, nós dissemos "senta aqui que a gente fica ao redor", mas não foi nada relacionado a escravidão, não teve essa intenção, não foi nada disso como as pessoas estão dizendo que nós estávamos com abano, que abano, pelo amor de Deus, o que que tinha em nossas mãos? Nada, nem o celular".

Após as pessoas verem o convidado tirando fotos na cadeira, a baiana contou que eles também pediram para serem fotografados na "cadeira de painho", uma referência a um personagem de Chico Anísio, que era pai de santo.

"Nós somos mulheres, baianas de acarajés, baianas de receptivos, trabalhamos nisso, fazendo recepção em hotéis, em eventos, em vários locais, estamos sendo taxadas como mucamas, como escravas. Não somos escravas, somos trabalhadoras, isso não existiu, fomos contratadas para trabalhar no receptivo, não foi ninguém que impôs roupa para a gente vestir, não foi ninguém que disse que nós teríamos que ficar em pé uma de um lado, outra do outro, para o cara sentar e tirar foto, ocorreu a situações assim, mas não era isso que foi acertado, aconteceu, e as pessoas usam da maldade, da perversidade para denegrir a imagem dos outros. Nós estamos muito tristes com isso aí porque não foi isso que aconteceu. Jamais nós iriamos nos submeter a um papel desses", concluiu a baiana.

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