Salvador
Após um deslizamento de terra causado pelas chuvas intensas que atingiram a cidade, na última terça-feira (27), cerca de 10 residências desabaram na Saramandaia, bairro de Salvador. A tragédia, que deixou uma pessoa morta e outras três feridas, além de desalojar famílias, trouxe novamente à tona debates sobre a relação entre desastres ambientais e o racismo ambiental, uma realidade enfrentada por comunidades vulneráveis em todo o Brasil.
O termo "racismo ambiental" descreve a desproporcionalidade com que populações negras e periféricas são impactadas por desastres ambientais e pela falta de infraestrutura urbana. Essa realidade é evidente em locais como Saramandaia, onde a ausência de saneamento básico, urbanização precária e encostas instáveis criam um cenário propício a tragédias.
De acordo com o vereador e ativista ambiental André Fraga, situações como essa demonstram como a desigualdade socioeconômica e o racismo se entrelaçam nas questões ambientais: "Às comunidades mais afetadas pelo racismo ambiental são as vulneráveis e podemos dizer as que têm menos acesso à cidadania e dignidade, pela falta de saneamento básico, água potável, condições dignas de moradia e segurança."
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O episódio em Saramandaia é um exemplo concreto desse fenômeno. Famílias que vivem em áreas de risco, sem alternativas de moradia segura, enfrentam a ameaça constante de deslizamentos e enchentes. Para Fraga, as consequências vão além da perda material: "Perda da qualidade de vida, precarização do desenvolvimento da juventude, potencialização do desnivelamento social e, principalmente, o comprometimento da dignidade da pessoa humana."
A capital baiana lidera o ranking nacional de cidades com maior número de pessoas vivendo em áreas de risco, com 45,5% da população nessa condição, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). Esses espaços, historicamente negligenciados por políticas públicas, reforçam o ciclo de pobreza e exclusão social.
Enquanto soluções estruturais não chegam, moradores de áreas como Saramandaia seguem enfrentando os efeitos mais duros das mudanças climáticas e da desigualdade urbana, em uma luta diária por sobrevivência e dignidade.
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