Saúde
Publicado em 14/10/2023, às 05h40 Cadastrado por Mariana De Siervi
A ansiedade é um comportamento humano normal, podendo ser sensações de nervosismo, preocupação ou desconforto. Porém, quando esses sentimentos se tornam um problema, ao ponto de interferir na vida profissional e social de uma pessoa, é preciso procurar ajuda psicológica, iniciando tratamento desse transtorno.
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Segundo dados de um mapeamento global da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil lidera no ranking de população mais ansiosa, sendo quase 10% dos cidadãos convivendo com esse transtorno. Esse quadro ficou ainda mais evidente após a pandemia da Covid-19 em 2020, quando houve um aumento mundial em 25% de casos de ansiedade e depressão, também conforme a OMS.
Ao BNews, a psicóloga Andreia Carvalho explicou mais sobre o assunto e deu dicas de como amenizar os sintomas do transtorno. Ela ressaltou a ideia de que a ansiedade faz parte do ser humano e que ela “age para nos impulsionar a fazer algo novo, uma mudança de hábito, ou nos proteger de uma ameaça, ou risco. Vem seguida de preocupação ou desconforto, avaliam o que dizem ou fazem repetidamente, tanto em relação ao futuro quanto ao passado, e normalmente, tem uma visão pessimista do que pode acontecer”, disse.
Questionada sobre como a ansiedade se torna um sofrimento psíquico, a psicóloga fala que quando sentimentos simples se tornam uma dor de cabeça, interferindo diretamente nos pensamentos e no cotidiano das pessoas, podem se tornar um sofrimento, impactando na vida da pessoa ansiosa. Ela ainda ressaltou os sintomas desse transtorno.
“Quem sofre de Transtorno de Ansiedade tende a apresentar preocupações excessivas, intensas e persistentes, sudorese (suor excessivo), pensamentos acelerados, inquietação, taquicardia (batimentos do coração acelerados), respiração ofegante e/ou falta de ar, agitação de pernas e braços, tensões musculares (dores no corpo), sensação de cansaço, medo e insônia.”, mencionou.
Além disso, foi perguntado para Andreia, qual seria o melhor momento de procurar ajuda de um profissional para tratar a ansiedade e a profissional intensificou os seguintes pontos: “Quando os sintomas começam a interferir no campo psicológico e refletir no físico e comportamental, prejudicando a qualidade de vida cotidiana do indivíduo, sendo um indicador de doença”, detalhou.
GERAÇÃO Z E A INTERNET
A geração Z é definida por aqueles que nasceram entre 1995 até aproximadamente 2010, ou seja, são pessoas que nasceram e cresceram com as novas tecnologias, principalmente a internet. De acordo com um estudo realizado pela HSR – Specialist Researchers, “Movimentos Geracionais”, 49% dos jovens entre 18 e 25 anos entrevistados, afirmaram que receberam o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade.
Andreia Carvalho também concorda com o fato dessa geração ser mais ansiosa se levar pela dependência que eles têm pela internet e pelas redes sociais, atrapalhando principalmente quando essas pessoas precisam lidar com o off-line.
“Acredito que a geração Z sofrem mais de ansiedade, e outros transtornos de saúde mental, por terem uma dependência excessiva da tecnologia. Corroborando em alguns pontos negativos como a dificuldade em estabelecer relações sociais fora das redes, a baixa tolerância às frustrações e os vínculos fraternos frágeis”, comentou a terapeuta.
Os jovens dessa geração também lidam com que tudo no mundo deles é mais rápido que o normal e por isso acabam os deixando ansiosos. É o que explicou a também psicóloga Ananda Cedraz: “É uma geração com uma influência e uma imersão muito grande nas redes sociais. Muito tempo de tela, tudo muito fácil e rápido. Como, por exemplo, vídeos de dez segundos lhe ensinando alguma coisa e áudios do WhatsApp 2x mais rápidos, então, tudo isso contribui para ser uma geração com mais índices de ansiedade”, disse.
Ademais, o assunto saúde mental é muito mais discutido na geração Z, do que nas anteriores, que poderiam ter algumas possíveis questões emocionais e psicológicas, porém, não se comentava sobre essa temática e por causa disso, os números de diagnósticos aumentaram entre esses jovens de 18 a 25 anos.
DICAS PARA LIDAR DA MELHOR FORMA COM A ANSIEDADE
As psicólogas entrevistadas pontuaram algumas dicas pertinentes que podem ajudar a lidar com a ansiedade, amenizando seus sintomas. Confira-as:
1- Compreensão do problema
Você sabe o porquê de estar muito ansioso? Compreende seus sentimentos com relação a isso? A profissional relatou que “identificar o problema e as conexões ligadas a emoções de felicidade ou medo, angústia ou estresse”, é um bom começo para lidar com sua ansiedade, compreendendo suas causas e tentando também controlar pensamentos negativos que “inundam nossas mentes e nos fazem ter sensações desagradáveis;”, completou.
Ananda ainda reforçou a ideia de que “cada pessoa vai ter sua forma de lidar com a sua ansiedade, baseado na causa dela, nos gatilhos, e no que ela considera importante”. Por causa disso é necessário se conhecer para saber a melhor forma de lidar com sua ansiedade.
2- Atividades físicas e lazer
Uma das maneiras de ficar menos ansioso é ocupando a mente com algo produtivo. Por isso, a realização de atividades físicas e de lazer, para sempre se manter ocupado, não dando espaços para os sintomas da ansiedade.
A terapeuta afirmou que essas atividades “principalmente ao ar livre, são práticas que ajudam a reequilibrar nossa respiração, além de ajudar no sono.”, orientou.
3- Alimentação saudável
Para Andreia, é necessário ter uma alimentação saudável e deu dicas do que poderia ser evitado: “Manter uma dieta saudável, evitando alimento e/ou substâncias estimulantes como: cafeína, chá-mate, chá-preto, chá-verde, bebidas alcoólicas e energéticos (deixam as pessoas mais agitadas), refrigerantes e açúcar em geral (podem afetar negativamente nossas emoções)”, evidenciou.
4- Boas relações
Para tentar amenizar os sintomas da ansiedade, é importante que o ansioso cultive boas relações, relações que o façam bem. “Estabelecer uma conexão segura com familiares e amigos que te façam bem”, reforçou Andreia.
5- Terapia
Como já dito anteriormente, quando os sintomas da ansiedade se agravarem, é necessário procurar ajuda de um psicólogo, para que o ansioso tenha um acompanhamento adequado perante ao seu transtorno. As psicólogas, Andreia e Ananda reforçam essa ideia.
“A psicoterapia é uma ferramenta potente e vai ajudar a descobrir quais são as origens do seu quadro com o auxílio de técnicas e intervenções para atenuar a ansiedade.”, disse a primeira.
“O principal é fazer terapia. Procurar abordagens que a pessoa se interesse, e psicólogos, que se sinta à vontade,”, aconselhou a profissional.
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