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Abrigos de animais relatam falta de apoio público: “As ONGs fazem o papel que o Estado deveria fazer”

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ONGs citam escassez de recursos e falta de apoio público como maiores dificuldades enfrentadas por abrigos  |   Bnews - Divulgação Pixabay

Publicado em 11/01/2022, às 08h00   Milena Ribeiro


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A quarentena, imposta pela pandemia de covid-19, aumentou a procura por adoção de cães e gatos e outros pets, mas muita gente que adotou por impulso abandonou esses animais em abrigos ou nas ruas durante a crise sanitária. O impacto do abandono é sentido por protetores dos animais. Representantes de ONGs ouvidas pelo BNews - Geamo, APA e Doce Lar-, relataram como tem sido a atuação dos abrigos na Bahia.

A falta de recursos financeiros é apontada como a maior dificuldade enfrentada. Com pouco ou nenhum incentivo público, os abrigos precisam utilizar recursos próprios para se manter. O trabalho de conscientização da população baiana para que não haja abandono de animais nas ruas é uma tarefa difícil. A ONG Geamo relatou que tenta fazer esse trabalho através das redes sociais, eventos, ações e feiras de adoção que eles promovem.

Para a fundadora e gestora do Doce Lar, Constança Costa, não existe trabalho efetivo vindo da gestão municipal no sentido de educar a população sobre tal assunto. Para ela “existe uma discretíssima ação da diretoria animal, que é um órgão da Prefeitura de Salvador, que coloca algumas placas na cidade". Contudo, ela acredita "que se tem que agir de uma maneira muito mais contundente, no sentido de conscientização da população”, disse.

Para Constança, o trabalho da Prefeitura em relação ao abandono de animais deveria ser semelhante ao trabalho que a gestão pública oferece em relação às demandas de saúde, como, por exemplo, agentes que vão nas casas das pessoas para falar sobre a dengue.

O trabalho das ONGs que atuam na proteção animal consiste no “resgate de animais em situação de rua, cuidados aos animais vítimas de maus tratos e a divulgação desses animais em buscar de um lar”, segundo a ONG Geamo. Normalmente, as ações de resgates são publicadas através do Instagram do abrigo.

Para a ONG Doce Lar, o trabalho complexo realizado pelos abrigos deveria ser feito pelo Estado. “Se o Estado é legalmente o tutor dos animais em situação de rua, ele tinha que abrigar, de forma digna, os animais carentes”, pontuou.

“As ONGs fazem o papel que o Estado deveria estar fazendo. Elas resgatam, abrigam, tratam, cuidam, gastam ‘mundos e fundos’ para deixar aquele animalzinho doente da rua todo saudável. Depois disso, corremos atrás de adoção. Tudo isso com recursos próprios, que são muito escassos. A maioria dos protetores está extremamente endividados, estafados financeiramente, psicologicamente, emocionalmente e fisicamente”, disse Constança.

Sem apoio do governo, os três ONGs citam a importância das redes sociais na manutenção dos abrigos. De acordo com elas, muitas doações acontecem através de internautas que se sensibilizam com os casos postados em redes sociais. A ONG APA também citou outras atividades que ajudam na arrecadação de dinheiro.

“Temos um programa de padrinhos e madrinhas, no qual pessoas sensíveis à causa disponibilizam um valor mensal. Além disso, fazemos rifas e brechó com peças que arrecadamos de doações, mas infelizmente ainda não é suficiente”, comentou a ONG APA.

Segundo Constança, do Doce Lar, a ajuda de parentes e amigos também é fundamental para a manutenção do abrigo. Além disso, o abrigo presta serviço de lar temporário e hospedagem para conseguir se manter.

O voluntariado é bem-vindo nessas ONGs, contudo, antes de aceitar o serviço, a proposta é analisada com cautela. A ONG Geamo explicou que para quem quer se voluntariar deve entrar em contato através do telefone (71) 9 9376-5661.

Já a ONG APA explica que basta procurar eles através do direct do Instagram, que será feita uma pequena entrevista. Contudo, o abrigo pontua que o voluntariado quase não funciona. “Precisamos de pessoas comprometidas e nem sempre encontramos. Hoje temos dois voluntários fixos que se revezam nos cuidados do abrigo aos domingos. De segunda a sábado pagamos um funcionário”, explicou.

As chuvas fortes que atingiram o Sul da Bahia também mobilizaram ONGs de proteção animal. Vale lembrar que o ambientalista Marcell Moraes também comentou a falta de ação do Governo em prol da causa animal nesse momento. A ONG Geamo fez campanha de arrecadação de fundos para ajudar os pets desabrigados na região.

Atualmente, a ONG Doce Lar está em campanha de arrecadação de fundos para conseguir se manter, já que por causa do aumentos de resgates, a instituição vem passando por dificuldades financeiras. Saiba como ajudar aqui. 

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