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Animais adotam outros animais? Entenda como isso acontece

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Especialista explica porquê os animais adotam outros animais  |   Bnews - Divulgação Foto Ilustrativa/Pixabay

Publicado em 08/06/2022, às 09h00   Milena Ribeiro


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A adoção de animais por outros animais da mesma espécie ou de espécies diferentes vem sendo cada vez mais discutida entre os tutores e os entusiastas do mundo animal. Contudo, a relação entre os animais, principalmente, aqueles que vivem em residências, precisa ser analisada de perto pelos humanos, para que não haja prejuízo a nenhum dos bichinhos envolvidos.

Ao BNews, o médico-veterinário especialista em comportamento animal e clínica e cirurgia, Zenildo Prazeres, que trabalha como adestrador há 50 anos e, por 20 anos atuou como instrutor de cinotecnia da Polícia Mlitar da Bahia, explicou que esse comportamento é muito comum em mamíferos e também pode ser visto em aves.

Ele explicou que, normalmente, as fêmeas são as mais acometidas por esse ímpeto da adoção. "É mais comum nas fêmeas porque se refere as questões hormonais relacionados a maternidade. É muito difícil ocorrer a adoção pela parte do macho, se vê alguns machos em aves, como galos, mas é muito raro", afirmou.

Aves

Nesses animais, ocorre um fênomeno chamado "estampagens". Segundo o médico-veterinário, estampagem é quando filhote eclode dos ovos e considera como mãe o primeiro objeto que ele avistar, podendo ser outra ave, um cachorro, uma pessoa ou até mesmo uma caixa. Dependendo do estado do outro "objeto", esse filhote também poderá ser abraçado como membro da família.

De acordo com Zenildo, muitos animais que estão na condição de adotantes, podem ter perdido um filhote daquela mesma idade e então sentem a necessidade de fazer a adoção. Essa prática é bem comum entre os pinguins.

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Afinal, por que os animais adotam?

O adotante, normalmente fêmea, deve estar sendo gerenciado por alguns hormônios, o que desperta nele a vontade de adotar o filhote. Segundo o médico-veterinário, os principais hormônios nessa situação são a ocitocina e a prolactina.

"A ocitocina é o que que faz a constrição dos ductos das glândulas mamárias para que o leite se torne disponível na bomba na boca do lactante. Já a prolactina é que produz o leite, ou seja, então existem umas questões hormonais envolvidas", explicou.

Vantagens e prejuízos

Zenildo Prazeres explicou que não há grandes prejuízos se as adoções forem feitas entre animais da mesma espécies, contudo não há vantagens em animais outros filhotes se eles forem de espécies diferentes. É importante ressaltar que os animais que adotam outros animais podem ter um desgate nutricional e energético muito grande, caso os adotados sejam muito maior do que o adotante.

"Do ponto de vista de ganho é só quando envolve as questões coletivas, ou seja, animais que criam seus filhotes nos berçários coletivos. Isso é muito comum em aves e em animais selvagens. Isso garante a sobrevivência dessas proles, mesmo que não seja dela, será de um parente próximo. A vantagem é perpetuar esses genes mesmo não sendo de outros animais", afirmou.

O médico-veterinário ressaltou ainda que, enquanto a adotante estiver amamentando ou criando o filhote, ela não entra em procriação. Há então aqui um pequeno prejuízo, se considerar a hipótese de que quando ela terminar de amamentar ou cuidar ela venha a morrer e não consiga mais perpetuar os seu genes para as futuras gerações.

A recomendação de Zenildo é que a interação de animais de diferentes espécies seja feita em vida livre. Em cativeiro, a experiência pode não acabar muito bem, desencadeando fatores estressores em um dos animais. Um desses bichinhos também pode acabar sendo preterido em detrimento do outro que pode buscar melhores espaços, dormitórios ou locais para se alojar.

Janela de Socialização

É importante, porém, que os tutores de animais de estimação estejam atentos à janela de socialização dos pets e proporcionem à eles encontros com outros animais.

A janela de socialização do cão vai da 5ª a 12ª semana de vida dele e o tutor deve aproveitar esse período para apresentá-lo a diversos tipos de estímulos que podem ser: conviver com gato, ver cavalos, ver outros cães, ver pessoas (magras, gordas, atas, baixas, negros, brancos). "O cão precisa desse contato para que ele tenha uma boa representação comportamental", disse o médico-veterinário.

Nos cavalos essa janela de socialização é muito importante, principalmente se ele for um animal de esporte, pois, segundo Zenildo, se o equino não tiver esse tipo de contato ele, provavelmente, terá problemas comportamentais. Nos gatos, esse período fica entre a 3ª a 7ª semana de vida, sendo bem mais curta do que a dos outros animais.

"Nos animais silvestres que são os selvagens é importante essa interação mas ela em vida livre, em cativeiro tem que ter muito cuidado para isso venha a acontecer", disse o médico-veterinários, que ressaltou que esses animais, geralmente, se agrupam mediante a sua espécie. Contudo, ele ainda explicou que existem casos que os animais em vida livre faz o "escambo", que é a troca de serviços. Enquanto um oferece o alimento, o outro oferece os serviços de catador de parasitos. 

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