Cidades

Moradores de São Miguel das Matas que tiveram casas comprometidas por terremoto temem novos tremores: "foi desesperador"

Dinaldo Silva/ BNews
De sábado (28) até a manhã desta terça, pelo menos 15 abalos foram sentidos no município  |   Bnews - Divulgação Dinaldo Silva/ BNews

Publicado em 01/09/2020, às 17h09   Diego Vieira


FacebookTwitterWhatsApp

Se já não bastava a pandemia do novo coronavírus, os pouco mais de 12 mil habitantes de São Miguel das Matas, que fica na Região do Vale do Jiquiriça, agora estão preocupados também com os tremores de terra que têm ocorrido na cidade desde o último fim de semana. A reportagem do BNews viajou até a cidade, nesta terça-feira (1º) e conversou com os moradores que relataram medo diante o fenômeno.

De sábado (28) até a manhã desta terça, pelo menos 15 abalos foram sentidos no município, segundo relatos de moradores. O de maior intensidade, ocorrido no domingo (31), comprometeu a estrutura de mais de 50 residências que ficam na zona rural do município. 

Dona de um dos imóveis comprometidos pelos tremores, a aposentada Alice Santos, de 83 anos, agora convive em meio às rachaduras da casa onde mora há 40 anos. Emocionada, ela relembrou os momentos de pânico vividos durante o terremoto.

Leia também: Direto de São Miguel das Matas: “Achei que fosse desabar", relata dono de mercado sobre tremor

"Estava na cozinha fazendo café e, do nada, o chão começou a estremecer. Eu saí correndo na hora com medo. Perdi até a fome", relatou a aposentada que desde o ocorrido tem dormido na varanda da casa. "Na primeira noite eu sem consegui dormir. Amanheci conversando com os meus vizinhos lá fora. De ontem pra hoje eu coloquei o colchão na varanda", disse.

A poucos metros da casa de dona Alice, o aposentado Eliotério de Jesus, de 87 anos, conta os prejuízos causados pelo terremoto. Ele e a esposa precisaram abandonar a casa onde vivem há mais de 50 anos por causa do risco de desabamento.

"Minha esposa estava em casa sozinha. Ela estava dormindo. Foi um desespero muito grande. É muito doloroso chegar aqui e ver minha casinha desse jeito, mas temos que dá graças a Deus já que não aconteceu o pior", conta o aposentado que desde o ocorrido passou a ficar na casa de uma das filhas.

Quem também precisou sair de casa, foi a agente de saúde Marizete Santos. À reportagem, ela contou que tem dormido em um quiosque com medo do imóvel, que apresentou diversas rachaduras, desabar.

"Estava dormindo quando escutei o primeiro tremor. Daí eu acordei com o susto e saí correndo. Logo em seguida, meu filho, que também estava dormindo, saiu de casa dizendo que uma telha tinha caído na cabeça dele. Foi um desespero muito grande. Logo depois, deu outro tremor ainda mais forte que derrubou mais de 50 telhas", relembra.

Em conversa com o BNews, o prefeito Zé Renato disse que equipes da Prefeitura estão à disposição dos moradores de São Miguel das Matas, para prestarem assistência médica e psicológica, já que muitas pessoas estão sensibilizadas com os recentes tremores. Além disso, equipes da Defesa Civil fazem a avaliação das residências danificadas na região. 

Ele afirmou que será decretada situação de emergência na cidade.

Para a medição e acompanhamento da atividade sísmica no local, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) irá ceder sismógrafos, que são instrumentos que registram as vibrações da terra, para a cidade.

*O repórter está em São Miguel das Matas para cobertura do terremoto na região

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp