Polícia
Publicado em 09/11/2023, às 17h24 Cadastrado por Sanny Santana
O caso de Suzane Von Richthofen volta aos holofotes após o lançamento do filme 'A Menina que Matou os Pais - A Confissão', em outubro. Mais de 20 anos após o crime que ganhou capas de jornais, o primeiro perito a chegar à casa da família Von Richthofen comentou detalhes do dia em que pisou na casa onde o assassinato ocorreu e falou sobre um dos irmãos Cravinhos.
Atuando na área desde 1993, o perito criminal Ricardo Salada contou que ele e sua equipe estavam exaustos quando chegaram à residência, localizada no bairro Campo Belo, em São Paulo. Já era fim de plantão e eles não imaginavam o que encontrariam.
"Nosso plantão terminava no início da manhã e estávamos exaustos devido a correria, porém, fomos até o local encarar a situação, sem ter ideia do que iriamos encontrar. Quando entrei nos dormitórios, achei que seria um latrocínio, mas, quando comecei a analisar o caso, não fazia sentido a arma de fogo ao lado do corpo do pai de Suzane. As lesões eram de espancamento, portanto, a execução da cena era atípica, além da bagunça organizada no quarto", relatou o perito em entrevista ao site Caldeirão do Paulão.
Ainda ao site, o perito afirmou que o crime foi encarado de forma natural, já que cenas de crimes eram rotina para a equipe de policiais.
"O leigo iria tratar de forma assustadora. Trabalhei para saber a trajetória e velocidade do sangue ou massa encefálica afim de desvendar o mistério da morte. São detalhes e tratamos de forma natural. Não é atoa que após terminar a perícia no quarto, descemos e tomamos um belo de um café em um local da casa pois tínhamos muitas horas sem nos alimentarmos", contou.
Ainda segundo o perito, o crime cometido por Suzane e os irmãos Cravinhos era bastante amador.
"Eles tentaram camuflar impressões digitais, usaram luvas de procedimentos cirúrgicos e meias calças na cabeça durante ação além, de Daniel e Suzane irem para o motel após o ato e pegaram nota fiscal de motel para ter o álibi. Eram umas preocupações, afim de não serem descobertos, totalmente inocentes", falou.
Após o assassinato do casal Manfred e Marísia Von Richthofen, os autores do crime roubaram joias e dinheiro que estava na pasta do escritório da casa, incluindo uma quantia em dólar e em euros.
Apesar de ter sido alertado por Suzane a não usar o dinheiro, Cristian Cravinhos comprou uma moto, no dia do enterro do casal, utilizando dólares. Foram gastos US$ 3.600, o que logo gerou desconfiança ao vendedor da loja de veículos.
"Ele iria ficar de fora da situação, caso não tivesse comprado uma moto 1100 cilindradas em dinheiro vivo. Detalhe: em dólar. O dono da loja logo teve a preocupação de avisar a polícia pois Cristian tentou disfarçar e colocar em nome de um amigo no documento, mas, não funcionou", disse Salada.
Cristian Cravinhos
Sobre Cristian Cravinhos, irmão do ex-namorado de Suzane, o perito o define como "metido a malandro".
"Apesar do crime bárbaro e do meio que foi utilizado, Daniel e Suzane vão cumprir o resto da pena em liberdade, mas, o tonto do Cristian parece que gosta de ficar preso. Ele comete outras ações delituosas menores e acaba voltando para prisão pois, ainda é condenado", disse.
"Eu respeito o malandro que sabe a hora de entrar e sair dos lugares. O Cristian é 'metido a malandro' pois, só faz cagada e não sabe a hora de parar. Tem que ficar preso mesmo pois, não enche o saco de ninguém da família", completou.
Julgamento
Os autores foram para o julgamento popular e o júri considerou por 4 votos a 3 que Suzane era fortemente dominada pelo namorado Daniel. Contudo, por 5 votos a 2, foi decidido que Suzane poderia ter resistido e evitado o crime.
Caso respondessem que ela nada podia fazer por estar sob forte domínio de Daniel, Suzane seria absolvida pela morte do pai. O mesmo, no entanto, não ocorreu em relação à morte da mãe, tema da pergunta seguinte. Os jurados entenderam que, nesse caso, ela não estava dominada pelo namorado.
"Eu não posso dizer que o juiz errou, mas, a forma que ele deve ter feito as perguntas não estavam tão claras para o júri! Acredito que essa votação de 4 a 3 foi um erro pois, Suzane é uma ré confessa", afirmou Ricardo Salada ao Caldeirão do Paulão.
Em 2006, Suzane, junto de Daniel Cravinhos, seu namorado na época, e o irmão dele, Cristian Cravinhos, foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão por ter participado da morte dos pais. Os três foram considerados culpados pelo assassinato do casal em outubro de 2002.
*Com informações do Caldeirão do Paulão.
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