Política
Publicado em 16/11/2021, às 15h54 Henrique Brinco
A Câmara Municipal de Salvador aprovou, nesta terça-feira (16), um polêmico projeto de lei que homenageia o político liberal Bernardo Pereira de Vasconcelos (1795-1850), dando o nome dele para uma rua da capital. O conservador foi uma das principais vozes para a manutenção do regime escravocrata no Brasil na era da monarquia - tendo mudado parcialmente de opinião apenas no fim da vida.
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A aprovação chama a atenção justamente na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra, comemorado no próximo dia 20 de novembro. O texto inicialmente foi aprovado por unanimidade durante votação por acordo, mas a oposição pediu a retificação do voto ao final da votação. A bancada governista, contudo, manteve os votos.
A vereadora Maria Marighella (PT) foi a primeira a se posicionar contra o texto, apresentado pelo vereador bolsonarista Alexandre Aleluia (DEM). Após a votação a líder da oposição, Marta Rodrigues (PT) também manifestou o voto contrário de toda a bancada de oposição.
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"Lendo a justificativa do projeto de lei, o vereador Alexandre Aleluia diz que Bernardo Pereira de Vasconcelos é um abolicionista e um dos criadores e construtores da ordem nacional. No entanto, não é isso que aparece na nossa pesquisa", ressaltou Marighella. Ela citou a dissertação de mestrado "Justo Meio, a política regressista de Bernardo Pereira de Vasconcelos", escrita por Luaia da Silva Rodrigues.
O texto destaca que Bernardo, assim como outros políticos da época, "teve um papel fundamental na formulação de um liberalismo escravocrata no Brasil, que conciliou as ideias liberais modernas com a conservação da ordem escravagista colonial". A petista também afirmou que a matéria, que entrou na lista de projetos que seriam votados por acordo, não foi consenso na bancada.
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O projeto foi ao Plenário com parecer conjunto favorável das Comissões de Constituição e Justiça e Redação Final; e Finanças, Orçamento e Fiscalização; e com parecer favorável da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente. Agora, aprovado, deverá seguir para a sanção do prefeito Bruno Reis (DEM).
Procurado pelo BNews, Aleluia se posicionou sobre o caso. "Bernardo Pereira de Vasconcelos defendia, sim, a abolição da escravidão e, inclusive apontava a vergonha que era o Brasil ser ainda o único país no mundo a ter este flagelo. Em 1827, ele discursou: 'como seremos constitucionais, como guardaremos as fórmulas protetoras das liberdades públicas, se no recinto de nosso domicílio exercemos o mais absoluto despotismo? Ah! Senhores, imitemos os estados americanos; o Brasil é hoje o único país do globo, que ainda prossegue neste comércio; mudemos de conduta a respeito dos africanos em tudo nossos semelhantes, como comprovam os haitianos'", declarou.
Nas palavras de Aleluia, "a oposição voltou para Bernardo Pereira de Vasconcelos o olhar rápido, deformado e injusto por ele ser um conservador, o que caracteriza os militantes de esquerda". "Mas, sobre Zumbi dos Palmares, esquecem que ele foi um dono de escravos, um herói inventado pela militância. Aí esquecem o fato, não avaliam o contexto. Aproveitando o ensejo, apresentarei um projeto de resolução que muda o nome da Medalha Zumbi dos Palmares para Medalha Princesa Isabel, a verdadeira abolicionista e a grande redentora de nossa nação", emendou.
Atualizada às 19h46
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