Política
O atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o senador Jaques Wagner, ambos do PT, juntamente com o ex-procurador-geral da República, Augusto Aras, tiveram papel crucial em uma estratégia que pode ter frustrado os planos de um golpe de Estado no Brasil em dezembro de 2022.
De acordo com o livro-reportagem "O Procurador", de autoria do jornalista Luís Costa Pinto, lançado em julho deste ano, as autoridades baianas influenciaram na mudança da data de diplomação do presidente eleito, Lula (PT), e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
Segundo o livro, em seu aniversário de 55 anos, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, comentou com alguns dos convidados, entre eles, colegas de Corte e políticos, que teve conhecimento de um documento para formalizar a decretação de estado de sítio.
Um das pessoas que Toffoli confidenciou a informação foi Aras, que revelou também estar a par das movimentações golpistas. "Na cabeça dos bolsonaristas", diz o livro, "a combinação de Estado de Sítio e GLO cancelaria a solenidade formal no TSE", uma vez que a diplomação de um presidente eleito —então prevista para 19 de dezembro— "decreta o fim do processo eleitoral e determina a inexorabilidade da troca de comando no país".
Toffoli e Aras, então, buscaram seus interlocutores no PT. O procurador convidou os contatos que tinha no partido a irem até a sua residência: o então governador baiano Rui Costa e o senador Jaques Wagner. Ele "sugeriu aos dois petistas que propusessem à equipe de transição de Lula, e ao corpo jurídico do PT, antecipar a diplomação" do petista, o que "desarticularia os preparativos para a intentona golpista".
À época desafeto do PT, Toffoli procurou o colega ministro do STF Alexandre de Moraes para repassar a mesma sugestão. Ele também fez o mesmo com o general da reserva Gonçalves Dias —que cuidou da segurança de Lula em seus mandatos anteriores. Embora Moraes, que na época presidia o TSE, negue ter sido procurado por Toffoli, no dia 28 de novembro Lula anunciou a antecipação da diplomação do dia 19 para 12 de dezembro. Na sequência, o TSE confirmou a data.
Antecipar a diplomação em uma semana "desorganizou e expôs o levante", diz o livro. Mesmo assim, a sede da Polícia Federal, no centro de Brasília, foi atacada às 19h30 daquele 12 de dezembro, quando Lula foi finalmente diplomado.
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