Salvador

Alunos criam página para expor relatos de racismo, homofobia e abusos no Sartre

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A página foi criada depois que prints com comentários racistas em um grupo de mensagens de alunos da instituição de ensino viralizaram nas redes sociais  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram

Publicado em 17/11/2021, às 13h39   Redação BNews


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"O meu ensino fundamental foi marcado por piadas racistas vindas de colegas". "Casos de racismo, LGBTQ+fobia e elitismo nunca foram incomuns". "Um professor do terceiro ano constantemente tinha piadas machistas, comparando mulheres a vários objetos". "Sofri racismo e fui suspenso por reagir". Os relatos são de suspostos ex-alunos do colégio Sartre publicados em um perfil no Instagram. A página foi criada há cerca de uma semana depois que prints com comentários racistas em um grupo de mensagens de alunos da instituição de ensino viralizaram nas redes sociais. 

A conta (@jeanpaularrependido), em referência ao filósofo que dá nome a instituição, já possui mais de 1.000 seguidores e 90 relatos anônimos de casos envolvendo racismo, lgbtfobia e assédio por parte de professores que teriam acontecido na escola.  De acordo com diversos depoimentos publicados, a direção do Sartre tinha conhecimento dos episódios e era conivente.  

Veja alguns relatos publicados no perfil:

"Eu era uma criança quando aconteceu, nem mesmo hoje eu teria coragem de denunciar oficialmente porque vejo que nada acontece e você só sai humilhada e desacreditada".

"Fui ao SOE e falei do bullying constante que eu estava sofrendo. A coordenadora disse só para eu não ligar que era bonitinha".

“Um professor disse que ia ver as apresentações do balé de uma colega minha para ver o corpo de moça que ela tinha e que ele precisava se controlar quando ela dançava. A garota só tinha 12 anos. Outra colega ouviu comentários parecidos deste mesmo professor alguns anos depois (acho que tínhamos 15 ou 16 anos na época) e foi na coordenação relatar o acontecido. No dia seguinte, o professor entrou na sala debochando da situação e a coordenação não tomou nenhuma atitude".

"Sofri racismo e fui suspenso por reagir"[...] vivenciei várias outras situações de injúria racial, racismo, e bullying dentro da instituição, porém quando eu recorria a orientação, coordenação, até na direção, em relação ao racismo [...] chegava a lugar nenhum [...]".

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Com a repercussão do último caso, o colégio informou que afastou os estudantes autores das mensagens racistas. O Ministério Público estadual abriu procedimento de notícia de fato para apurar o caso. A presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, vereadora Cris Correia (PSDB), afirmou que o colegiado também vai acompanhar a situação.

Procurada pela reportagem para comentar a criação do perfil, o Sartre informou que "acompanha com preocupação a criação de um perfil anônimo em rede social, em que são descritas supostas situações vivenciadas no ambiente escolar". 

A escola ressaltou ainda que é "comprometida com uma educação humanística, inclusiva, pautada na diversidade e reconhecida há mais de 50 anos como referência em nossa cidade e repudia veementemente ações racistas, desrespeitosas ou por discriminação por orientação religiosa ou sexual a seus alunos ou a qualquer outro membro da comunidade escolar".

A instituição afirmou afirmou ainda que a "direção da escola está aberta a receber qualquer denúncia e compromete-se a apurar os fatos e tomar as medidas necessárias”.

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