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Fragilidade do Brasil como destino global é evidenciada por ausência no Summit WTTC

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Brasil não se fez presente durante o fórum de Viagens e Turismo, Summit WTTC  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Facebook WTTC

Publicado em 23/04/2022, às 15h06   Redação BNews


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A ausência do Brasil no Global Summit 2022 do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) é gritante. Evidencia a magnitude do desafio que o país enfrenta para que sua oferta turística de natureza, sobretudo de praia e sol, tenha, no Exterior, o reconhecimento ao qual tem potencial. Mostra ainda o atraso de uma das maiores nações do mundo em termos de relevância no setor quanto à chegada de turistas internacionais.

Sim, o fluxo doméstico foi uma salvação para a indústria do turismo brasileiro em meio a pandemia, mas um evento semelhante ao Summit, realizado nas Filipinas, nos leva automaticamente a um lugar onde sempre há um retorno amargo: o da poeira que encrosta nossa vitrine turística global.

Mais de um mil participantes, empresários, mulheres e homens tomadores de decisão das grandes corporações globais fazem parte do evento e muito pouco se ouve falar no Brasil.

Falta de convite ao poder público brasileiro não foi. Mexicana, a vice-presidente sênior do WTTC, Virgínia Messina, explica que o Conselho mantém contato com os encarregados do Turismo no País.

"Temos contato com o governo do Brasil e convidamos seus membros. Como se nota, eles não puderam estar aqui, mas falamos com eles", afirma Virgínia. "A pandemia foi muito difícil no Brasil. Teve números impactantes em termos de casos de covid-19 e mortes pela doença, e o fechamento de suas fronteiras foi impactante. Isso sem dúvida não ajuda a imagem do País. E a economia também foi fragilizada, de maneira que os brasileiros viajaram menos ao Exterior. Com isso, realmente foi dado um enfoque maior ao Turismo doméstico, e efetivamente não temos visto exposição do Brasil no Exterior", completa a vice-presidente sênior do WTTC.

Todavia, nem só de convite se faz uma presença em um evento como o Global Summit do WTTC. Países-sede fazem um grande investimento para receber líderes mundiais do setor, como o fez a Argentina em 2019 e o México em 2020 (adiado para 2021), assim como é custoso ter estandes e espaço na programação do evento, como o faz a Colômbia em 2022. Mas são investimentos estratégicos e é assim que se conquista notoriedade internacional.

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É bom lembrar que estamos longe do México em número de turistas internacionais e antes dessa pandemia competimos com a Argentina neste mesmo índice.

Para os brasileiros que estão tentando se convencer de que o país é tão poderoso quanto um destino turístico latino-americano, sediar essa cúpula sem uma presença nacional bem-sucedida seria um balde de água fria. O único editor que falou sobre o Brasil nesses dois dias foi Luís Felipe de Oliveira, diretor-geral do Conselho de Aeroportos Internacionais (ACI), em um exemplo típico que nem sequer estava diretamente relacionado à nossa capacidade turística.

Dados da consultoria ForwardKeys mostram que o Brasil é o 15º país mais resiliente do mundo em termos de reservas aéreas para o verão IATA (julho-agosto) de 2022, 20% abaixo do mesmo período em 2019. Seria um índice animador, mas vê-se que países das Américas, como Costa Rica, Aruba, República Dominicana, Jamaica e México estão bem à nossa frente, não apenas resilientes neste mesmo período comparativo, mas com crescimento efetivo, já superando o pré-pandemia.

"O Brasil tem um potencial de recuperação muito forte como destino e como mercado consumidor para a América Latina. No entanto, o País ainda está atrás de outros da região e isso acontece principalmente pela força de seu mercado doméstico, que faz o Brasil ser menos dependente do viajante internacional, o que ajuda na resiliência da indústria, mas também faz com que a chegada de estrangeiros não seja tão fundamental como o de países do Caribe, por exemplo", destaca o vice-presidente de Insights da ForwardKeys, Olivier Ponti.

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