No verão, é comum que muitas pessoas acabem recorrendo a praias, rios, lagos, lagoas e piscinas para aliviar o calor causado pelas altas temperaturas registradas nos termômetros da Bahia durante a estação. Em razão disso, o número de pessoas que buscam esses ambientes para se refrescar é ainda maior, fato que, de acordo com o comandante do
Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros (Gmar), major Luciano Alves, acaba refletindo no aumento do índice de afogamentos nesta época do ano.
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Além das férias escolares e das altas temperaturas, o major também aponta que o turismo e o
consumo de bebida alcoólica também refletem nesses dados. “Também temos a
questão do turismo e do lazer. Uma coisa que já é estudada é que uma boa parte dos afogamentos em praias turísticas são de pessoas que não conhecem, que não são daquela localidade”, aponta.
“Nós temos também o consumo de bebida alcoólica, com locais como balneários, e piscinas, é uma combinação que não casa muito bem. Temos um ditado no Corpo de Bombeiros que é: ‘Se beber, não nade’”, emendou.
Locais com maiores índices de afogamento na BahiaAlves relata que os locais que registram o maior índice de afogamentos são de água doce. “Existe um aumento dos afogamentos tanto em mares, rios, lagoas, lagos e piscinas, mas também devemos salientar que mais de 70% das ocorrências de afogamento, são em locais de água doce, como rios, lagoas, lagos e piscinas. Então, apesar de possuirmos uma
faixa litorânea muito extensa, a maior parte dos afogamentos não são nas praias”, informou, em entrevista ao
BNews.
Em Salvador, por exemplo, quatro praias contabilizam o maior
número de acidentes marítimos no estado. “O afogamento tem vários níveis. Tem o afogamento do grau 1 ao grau 6. Então, por exemplo, uma pessoa entrou na água, ela saiu tossindo, já é afogamento. Então, os locais que têm os maiores índices de afogamento, é na praia do Farol da Barra, Piatã, Buracão, Amaralina. Essas praias têm um índice de afogamento relativamente alto, mas, em relação a óbitos por afogamento, já é outro fator”, explica o comandante do Gmar.
“Nós temos que saber separar isso porque às vezes, as pessoas só se preocupam quando vão a óbito, mas tem vários danos que são causados num afogamento, e que a
vítima não chega ao óbito. Então, o fato de ela ficar internada, até o próprio trauma, que muitas pessoas possuem do afogamento, isso faz com que atrapalhe a vida de uma pessoa. Então, a prevenção faz evitar essas sequelas, esses danos, que não são, às vezes, mensurados nessas ocorrências”, contextualizou o agente.
Como se prevenir de afogamentosPara o militar, a principal forma de prevenção é a educação. “Tanto que nós elaboramos um trabalho no Grupamento Marítimo, onde estamos propondo uma
política pública de prevenção ao afogamento, que inclui várias ações, e uma delas é incluir no calendário escolar a semana de prevenção ao afogamento”, sugeriu.
“Tem a questão do próprio guarda-vidas na praia, a sinalização nas praias é um mecanismo de prevenção, então, quando você vê uma bandeira de perigo, respeitar essa sinalização”, aconselhou Alves. “Nas correntes de retorno não existe uma grande incidência de onda, e as pessoas, visualmente, acham que aquele local da praia é mais tranquilo, e têm uma falsa percepção dos riscos”, garantiu.
Pais e responsáveis de crianças devem estar atentosSegundo o comandante do Gmar, a
segunda maior causa de morte de crianças até 9 anos é o afogamento, e por isso, elas devem ser supervisionadas constantemente nesses ambientes. “A atenção é o principal mecanismo de prevenir os afogamentos, e se a criança for tomar um banho de mar, de rio, lagoa, ou piscina, ela deve estar ao alcance de um braço de um adulto”, recomenda.
“O afogamento é rápido e silencioso. Não tem aquele mito de que a pessoa vai gritar e sinalizar, é uma informação que não verídica. Muitas vezes, a pessoa, principalmente a criança, ela submerge, e depois você vai ver somente quando ela já está desacordada”, afirmou.
Afogamentos envolvendo pulos no marO bombeiro militar alertou, ainda, sobre os
riscos de afogamento associados a pulos no mar. “Existe um risco muito grande de você não ter noção de profundidade no que está ali naquele ambiente. Rios e lagoas oferecem um risco maior, pois a água é mais turva, a visibilidade não está boa, e você não percebe que tem uma pedra no local. Já o mar, tem a questão da variação da maré”, sinaliza.
Alves também relembrou que este tipo de salto foi a principal causa da morte do deputado estadual João Isidório, que
morreu no último dia 11 de novembro, após pular no mar, em uma praia de Madre de Deus, na Região Metropolitana de Salvador.
“Às vezes, eu pulei naquele local em um dia, estava com a profundidade boa, e no outro dia, eu vou no mesmo horário, mas a tábua da maré já não é a mesma, então a profundidade já é diferente, e eu já posso encontrar um banco de areia. Às vezes, não tem uma pedra ali, mas tem um banco de areia, que pode levar uma vítima a óbito, como o infeliz caso do nosso
deputado João Isidório Filho”, lamenta.
O que fazer em casos de afogamentoA primeira orientação para uma pessoa que
se depara diante de uma vítima de afogamento, segundo o major, é não tentar salvá-la com o próprio corpo. “Se eu vejo uma pessoa se afogando, eu não tento salvar com o meu próprio corpo, por mais hábil e nadador que seja, se estiver no mar, ou no rio, é muito perigoso. Se é na piscina, é fácil esse resgate, mas se está no mar, ou no rio, não tem que salvar, tem que oferecer um objeto flutuante à pessoa”, aconselha.
Outra recomendação fundamental é acionar o
Corpo de Bombeiros. “Se eu estou num local que eu sei que tem uma unidade do Corpo de Bombeiros, tem um guarda-vidas próximo, eu chamo o guarda-vidas e ligo 193. Se isso ocorreu na minha casa, na minha residência, num clube, eu não devo tirar essa vítima de afogamento da água, se ela estiver desafogada, e levar diretamente a uma unidade hospitalar”, instruiu o comandante.
“Eu tenho que tentar fazer uma reanimação dessa vítima, e não sabendo executar a manobra,
ligar para o 193, e solicitar informações dos bombeiros militares que lá estiverem de serviço, que vão instruir como fazer esse salvamento. Não é nada tão complexo você fazer uma reanimação de uma vítima de afogamento”, garantiu Alves. “A prevenção sempre vai ser a melhor ferramenta e a única vacina totalmente eficaz contra o afogamento”, finalizou.
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