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Você sabe como é feito o vinho? Saiba mais

Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Tão famoso quanto o chocolate, o vinho é uma bebida de destaque na Semana Santa. Mas como é feito o vinho?  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Publicado em 16/04/2022, às 06h00   Juliana Barbosa


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A semana santa, feriado católico onde é celebrada a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição, é famosa pela reunião familiar e mesas fartas com variadas opções de pratos à base de peixes e a bebida milenar que homenageia a Santa Ceia: o vinho. Tão famoso quanto o chocolate, o vinho é uma bebida de destaque nesta época do ano. Mas como é feito o vinho? A equipe do Bnews entrevistou o Prof. Dr. Hélio Messeder, da Universidade Federal da Bahia, para saber o que a química tem a nos dizer sobre essa bebida.

De um forma descontraída, apelidada de pílulas de química, o professor nos explicou curiosidades sobre uma das "bebida dos Deuses':

Tomai, todos, e bebei: O vinho em questão

Fabricação:

"O processo de fabricação do vinho se dá a partir da fermentação alcóolica da uva. Fermentar para fazer vinho nada mais é que deixar que fungos do bem (neste caso as leveduras)  transformem o açúcar da uva em etanol. Além do etanol, a fermentação gera calor, gás carbônico e outros subprodutos importantíssimos para o sabor.

Fazer um bom vinho é uma arte. Depende da espécie da uva, do tipo de colheita, do modo que ela foi prensada, do tempo, da levedura, do barril que foi armazenado e, claro, do tempo em que esse processo aconteceu, da quantidade de açúcar que tinha na uva,  e da quantidade de açúcar que vai fermentar, acidez e muitos outros parâmetros (Ufa! Pense nisso antes de desperdiçar uma garrafa de vinho). A fabricação de vinho é algo que precisa mesmo de paciência, já que esse processo de fermentação precisa ser lento, controlado para garantir que toda a complexidade de sabor seja mantida."

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Diferença entre tinto e branco:

"A diferença de um vinho vermelho para um vinho branco não está necessariamente no tipo de uva. O vinho branco pode ser feito com uvas brancas (verdes) ou tintas (roxas). No caso de ser feito com uvas tintas, separa-se a casca do suco antes do início da fermentação. No vinho tinto, a separação da casca só acontece depois que o processo de fermentar, uma vez que quanto mais tempo com a casca, maior a coloração arroxeada. A cor do vinho mudará completamente o seu sabor e sua explosão de sabores na boca e suas possibilidades de harmonização com diferentes tipos de alimento (harmonização de sabores é um papo para outra pílula).

Armazenamento:

"O oxigênio é o grande inimigo do vinho. Ao reagir com o oxigênio do ar, as substâncias presentes nessa bebida começam a degradar e o vinho começa a mudar de sabor. Para alguns especialistas essa mudança é interessante, mas ela só deve começar a acontecerá hora que a garrafa for aberta e para o liquido que foi para a taça. Para minimizar o processo de oxidação alguns cuidados devem ser tomados com seu vinho:

1-    A garrafa deve ser armazenada na horizontal. Desse modo o vinho molha a rolha e faz uma vedação eficiente que impede que o oxigênio entre e acabe com sua uva fermentada

2-    Garrafas escuras e colocadas em lugares escuros. A luz ultravioleta degrada uma série de substâncias presentes no vinho. Não faz sentido esperar tanto tempo e deixar o sol acabar com sua bebida.

3-    Temperatura adequada. Temperaturas muito altas favorecerão um vinho degradar e azedar. Temperatura ideal de 12 a 14 OC

Por fim, é preciso dizer que é muito comum na semana santa (Ok, nos outros dias também) as visitas derramarem vinho na toalha. Uma mancha difícil de tirar, mas que a química pode ajudar. Em casos como esse, xingando mentalmente a visita, coloque papel toalha para absorver o excesso e depois faça uma mistura rápida meio a meio de detergente com água oxigenada e aplique sobre o tecido. Teste antes em um pedaço menor da toalha para evitar possíveis acidentes. A mancha deve sair depois da lavagem. Caso contrário, é aceitar e se esbaldar no resto do vinho que ainda restar na garrafa.

A transformação da uva em vinho não é lá um milagre, mas espero ter mostrado que beber esse néctar é um processo digno de ser apreciado e valorizado pelo tamanho de gente que trabalhou para que ele chegasse até seu copo de extrato ou taça de cristal".

Química descomplicada:

Questionado de como surgiu a vontade de falar sobre química de uma forma tão irreverente, Hélio respondeu: "Sempre me incomodava muito como a quimica costuma ser pensada pelas pessoas. Ou algo ruim ou dificil. Além disso, percebi que como professor eu poderia contribuir para divulgar conhecimento de modo divertido, mas com precisão conceitual, principalmente em tempos de fake news. Daí a ideia de desmistificar a quimica e ao mesmo tempo vincular informação de qualidade".

A ideia foi tão bem aceita que vai virar livro! Quando perguntado quando será o lançamento, o professor respondeu: "(risos) Segue firme, mas estou terminando uns projetos antes. Prometo terminar esse ano com o manuscrito pronto e mandar para editora. (risos)"

Ficou com vontade de tomar outras pílulas de química? Então, se liga nessa dica! Enquanto o livro não fica pronto, você pode acessar o perfil criado pelo professor no instagram."Pequenas doses de química para desfazer mitos", onde há resenhas sobre 'ressaca" e "chocolate". Tudo a ver com Páscoa! 

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