Política
Publicado em 19/11/2021, às 15h49 Henrique Brinco
O presidente da Comissão de Reparação da Câmara de Salvador, vereador Luiz Carlos Suíca (PT), repudiou os ataques racistas sofridos por uma aluna do Colégio Cândido Portinari. A vítima dos insultos foi uma adolescente de 14 anos, filha do porteiro da unidade e bolsista. A jovem, que é negra e mora em um bairro da periferia da capital baiana, foi atacada por um colega da mesma idade. Ambos cursam o 8º ano na instituição de ensino privada.
O edil anunciou que deve propor uma audiência pública junto com a Associação de Escolas Particulares da capital para tratar da implementação da Lei nº 10.639, que obriga o ensino de história do negro e índio na educação de todos os níveis. Ele relembrou que outras unidades de ensino, como Sartre e Anchieta, também tiveram episódios criminosos semelhantes e apontou que o cumprimento da lei ajudará a evitar casos como esses.
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"Os casos estão aumentando e isso é preocupante do ponto de vista criminal e educacional, talvez a lei não esteja sendo implementada como deveria. Vamos buscar o diálogo com as unidades de ensino com uma audiência pública com a associação das escolas particulares para tratar da implementação dessa norma. Com isso, podemos ajudar a diminuir esses tipos de crimes", disse o petista.
"Mas também vamos reforçar a importância de se ter um núcleo antirracista que auxilie a unidade de ensino a ter em sua programação matérias sobre a cultura e a história dos negros e índios em todos os níveis. Não podemos deixar que a educação seja vilipendiada e agredida por quem está em formação. Isso é que temos que ter atenção maior. O colégio é um local de formação e não para ampliar as desigualdades e preconceitos", completou.
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Suíca também celebra a regulamentação do Estatuto de Igualdade Racial em Salvador, mas cobra mais atenção do poder público para casos de racismo e de intolerância religiosa.
"Nem preciso lembrar que esse mecanismo é importante para suprir demandas do povo negro na capital. Foi para isso que lutamos na Câmara para que esse Estatuto fosse aprovado, e dois anos depois está sendo regulamentado pela prefeitura. No entanto, não vamos deixar de atuar e lembrar que no Anchieta, no Sartre – que já tem reunião agendada entre a Comissão de Reparação e a diretoria da escola – e agora no Portinari, casos de racismo preocupam muito por essas unidades serem responsáveis pela formação de milhares de crianças e adolescentes", concluiu.
As mensagens, trocadas no último sábado (13), vieram à tona depois que outra estudante se incomodou e saiu do grupo de WhatsApp com os estudantes. Entre os ataques, consta a expressão: "Vamos fazer uma vaquinha pra te tirar da favela. Debaixo da ponte já serve".
Posteriorente, o jovem insinua que o pai da garota é assaltante. A menina tenta se defender: "Na favela não tem só coisa ruim, não". Em outro momento, o agressor questiona o que vai ser do "futuro" da vítima: "Você não tocou numa arma até então".
Em nota, o Colégio Cândido Portinari afirmou que a direção e professores mantiveram contato com as famílias envolvidas para oferecer acompanhamento e orientação a respeito da conduta assim que teve conhecimento do ocorrido.
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"Imbuídos pela nossa linha de trabalho, que promove a formação de valores e que busca contribuir com o desenvolvimento pessoal e social, reforçamos os nossos esforços em estimular uma consciência solidária e empática onde não caiba qualquer atitude ou pensamento discriminatório e/ou preconceituoso junto aos nossos alunos. Para tanto, o tema será trabalhado internamente para promover a reflexão e a escola aplicará medidas disciplinares aos alunos que participaram deste ato", diz o comunicado.
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