Estudo de Impacto de Vizinhança precisa ser realizado antes de mudança no Carnaval de Salvador; entenda

O carnaval é uma festa de impacto e essa afirmação é verdadeira de forma subjetiva e objetiva. Subjetivamente, a festa é um verdadeiro anúncio do verão e calor no coração - como diz a música. Quem vai atrás do trio entende.

Objetivamente, os impactos na economia e dinâmica da cidade são evidentes. Salvador é uma outra cidade na semana em que Momo é Rei. Isso quer dizer que uma mudança no circuito de algo que mexe tanto com a vida das pessoas e da cidade demanda muito estudo, calma e avaliação. É o que garante Kaíc Lopes, mestre em Gestão Territorial, Arquitetura e Urbanismo.

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"Os impactos de um carnaval podem ser sonoros, ambientais, positivos, negativos.. podemos imaginar, mas, para sabermos, precisava fazer o estudo", afirmou o especialista.

A mudança do Circuito Barra-Ondina para a região da Boca do Rio nos próximos carnavais foi o grande assunto da cidade nesta semana. Prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil) confirmou o interesse do Conselho do Carnaval (Comcar), empresários do ramo e de uma associação de moradores da região em promover a mudança.

Kaíc Lopes afirmou que o tema merece discussão porque o espaço da Barra não está suportando a demanda que recebe. No último carnaval de Salvador, em 2020, cerca de 2 milhões de pessoas estiveram nas ruas.

"Minha avaliação pessoal e profissional é de que o espaço não tem suportado a demanda. Isso é um fato, mas podemos fazer um planejamento adequado. É completamente possível", avaliou Kaíc Lopes.

Ele completa: "A criação de um novo circuito pode ajudar também, podemos ter uma distribuição da folia para o circuito alternativo, de repente. Isso precisa ser estudado por pelos órgãos responsáveis".

Segundo o arquiteto, que é professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o carnaval tem um lugar de pertencimento muito forte nas pessoas da cidade e por isso o tema demanda uma atenção especial na sua condução.

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Ele propõe que o olhar da discussão seja aprofundado e acredita que, mesmo com a criação de um novo circuito, o Barra-Ondina não pode ser abandonado. O certo, na sua opinião, é revitalizar.

"Acredito que merece discussão, mas não a mudança de um circuito tradicional para um novo e sim, de repente a criação de um novo circuito. Não vejo como positiva a mudança de um circuito com história afetiva, com noção de pertencimento de um povo, de um lugar para um novo circuito. Acredito que podemos pensar na ideia do novo, sem esquecer nosso passado. Não é tão simples quanto parece", pontuou.

Bruno Reis afirmou que aguarda o envio de um projeto por parte de um grupo de empresários que enxerga a possibilidade com bons olhos. O assunto já está na mira da Câmara de Vereadores da Cidade (CMS). Vice-líder do governo na Casa, Kiki Bispo avalia que é o momento certo para fazer essa mudança.

Vereador de oposição, Augusto Vasconcelos (PC do B) é outro a dizer que, à priori, não se opõe a ideia, mas é outro a bater na tecla da ponderação e pedir um diálogo muito franco com a população da cidade e os setores produtivos antes de uma definição.

"Pela Ouvidoria da Câmara fizemos uma audiência com a Associação de Moradores da Barra e haviam muitas observações a respeito dos transtornos causados durante o período de carnaval e fora dele, pela falta de planejamento e de uma atuação efetiva do poder público. Espero que possamos encontrar o melhor formato", afirmou o edil.